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Queiroga usa lançamento de pesquisa para defender Bolsonaro

Queiroga, ao centro, comanda divulgação de pesquisa sobre a covid-19 - Reprodução
Queiroga, ao centro, comanda divulgação de pesquisa sobre a covid-19 Imagem: Reprodução
do UOL

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

05/05/2021 15h57Atualizada em 05/05/2021 16h33

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, usou o lançamento do que chamou de "maior pesquisa sobre covid-19 do mundo", na manhã de hoje, para desagravar o governo e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que ontem (4) foi tratado como negacionista pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) no primeiro dia de depoimentos à CPI da Covid. Queiroga repetiu o nome do presidente diversas vezes no evento para ironizar acusações de negacionismo e dizer que o governo aposta em ciência.

Ontem, Mandetta afirmou à CPI que, ainda ministro, enviou uma carta ao presidente com recomendações científicas para conter a pandemia, como distanciamento social. O documento, porém, teria sido ignorado por Bolsonaro, que em 2020 chamou a covid-19 de "gripezinha", promoveu aglomerações com simpatizantes, recusou-se a usar máscara e até agora não se vacinou.

Hoje, o atual ministro saiu em defesa do chefe sem mencionar a CPI. Queiroga foi o último a falar durante o lançamento do PrevCOV (Pesquisa de Prevalência de Infecção por Covid-19), "a maior pesquisa sobre a covid no mundo".

"Único inimigo"

Embora a CPI busque responsáveis pelas mais de 400 mil mortes por covid no Brasil, Queiroga iniciou seu discurso dizendo que o Brasil "tem um único inimigo: o vírus". Em seguida afirmou que Bolsonaro atua "de maneira integrada" no combate à pandemia, ao contrário do que indica relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) em poder da CPI, segundo o qual o governo mudou documentos oficiais para se eximir de liderar as ações contra a crise sanitária.

"O governo federal, por determinação do excelentíssimo presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, tem atuado de maneira integrada. O Ministério da Saúde, das Relações Exteriores, da Defesa, da Economia, da Infraestrutura (...) e tem atuado para apoiar estados e municípios na assistência à saúde", afirmou o ministro.

Ele voltou a citar o presidente ao dizer que o governo "não mediu esforços" para contratar vacinas: "Foi assim que o presidente Jair Bolsonaro, por medida provisória, enviou ao Congresso aporte de R$ 20 bilhões para aquisição de vacinas para que o Brasil tenha um dos maiores programas públicos de vacinação do mundo", disse Queiroga.

Para o TCU, porém, o valor é insuficiente para conter a crise e o governo demorou para comprar imunizantes.

Negacionismo é negar o que o governo federal tem feito no investimento à pesquisa, ciência e tecnologia
Marcelo Queiroga, ministro da Saúde

Prova disso seria a realização da própria pesquisa sobre a covid e "a prioridade número um do governo, que é a campanha de vacinação".

"É um governo que tem investido fortemente nas pesquisas (...) em fármacos inovadores, fomento ao complexo industrial da saúde", disse Queiroga.

Pesquisa de R$ 200 milhões

Preparada para coletar o sangue de 211 mil brasileiros em 62 mil residências de 274 cidades de todos os estados brasileiros, a PrevCOV custará R$ 200 milhões aos cofres públicos e está prevista para acontecer entre junho e setembro deste ano.

Primeiro alguns brasileiros receberão um contato do governo por WhatsApp ou SMS, depois uma ligação para confirmar os dados e quais moradores desejam participar da pesquisa. Após o agendamento, um profissional fará algumas perguntas —como sintomas da doença e realização de teste—, e coletar a amostra de sangue.

A novidade é a criação de um "biorepositório", uma "soroteca" na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio, em que as amostras de sangue serão armazenadas para futuros estudos complementares sobre a covid-19, "uma tendência de vanguarda no mundo em pesquisa epidemiológica", afirmou o presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Eduardo Luiz Gonçalves Rios Neto.

O objetivo é identificar o perfil de contágio e compreender o comportamento da doença em todo o país.

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