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Ex-PMs são presos suspeitos de matar empresário que denunciava políticos

Empresário Kleber Malaquias de Oliveira morto a tiros no dia 15 de julho, de 2020 - Reprodução/Arquivo pessoal
Empresário Kleber Malaquias de Oliveira morto a tiros no dia 15 de julho, de 2020 Imagem: Reprodução/Arquivo pessoal
do UOL

Colaboração para o UOL

23/04/2021 01h05

Dois ex-policiais militares, um sargento da ativa da Polícia Militar de Alagoas e um quarto homem, que não tiveram os nomes divulgados, são apontados pela Polícia Civil de Alagoas como autores do assassinato do empresário e líder comunitário Kleber Malaquias de Oliveira. Ele foi morto a tiros no dia 15 de julho do ano passado enquanto comemorava o aniversário, em um bar localizado em Rio Largo, região metropolitana de Maceió. O mandante do crime ainda não foi identificado pela Polícia Civil de Alagoas.

Oliveira era conhecido por fazer denúncias à imprensa e à polícia sobre supostas irregularidades cometidas por políticos e integrantes do poder judiciário de Alagoas. Ele chegou a ser incluído no programa de proteção à testemunha, mas a proteção não foi renovada.

Segundo a Delegacia de Homicídios de Rio Largo, os ex-PMs e um homem foram presos ontem durante operação da Polícia Civil. O sargento da PM da ativa, que é investigado de participar do assassinato, já estava preso no sistema prisional de Alagoas acusado de outro crime. Os ex-PMs foram expulsos da Polícia Militar de Alagoas por cometerem crimes.

Os nomes deles não foram divulgados em cumprimento à lei de abuso de autoridade, que proíbe agentes públicos a divulgarem nomes de pessoas que não foram condenadas. O UOL tentou localizar a defesa dos investigados, mas diante da impossibilidade de identificação deles, não conseguiu.

O crime

A polícia informou que Kleber Oliveira foi atraído para encontrar com dois homens depois que eles afirmaram que teriam interesse em alugar um imóvel em Rio Largo. O grupo e a vítima se dirigiram ao Bar da Buchada, localizado na avenida Teotônio Vilela, no bairro Mata do Rolo, em Rio Largo, para negociar o suposto aluguel. Enquanto isso, outros dois homens acompanharam os comparsas e a vítima em outro carro.

Ainda de acordo com a polícia, dois homens sentaram à mesa com Oliveira, e outros dois ficaram em outra mesa observando o movimento. Em determinado momento, a vítima se levantou da cadeira para ir ao banheiro e foi assassinado com dois tiros, um no abdômen e outro na cabeça. Segundo a polícia, os homens que estavam na mesma mesa com a vítima simularam socorro para despistar o envolvimento no crime.

De acordo com o delegado Lucimério Campos, titular da Delegacia de Homicídios de Rio Largo, a identificação dos investigados ocorreu após análise de câmeras de estabelecimentos comerciais que a vítima passou antes de chegar ao bar da Buchada, além de imagens do circuito do próprio estabelecimento que mostrou nitidez na identificação dos suspeitos do crime.

"As imagens mostram que, depois de disparar a arma, o atirador saiu correndo e se deparou com uma testemunha. Ele fez sinal de silêncio, guardou a arma e saiu correndo", relatou Campos.

A polícia não detalhou quem estava na mesma mesa com a vítima. A Polícia Civil de Alagoas informou que a primeira fase da investigação, que foi como ocorreu o crime e os envolvidos, está esclarecida. Entretanto, o mandante do assassinato ainda é desconhecido.

Denúncias

O empresário tinha uma locadora de veículos, que fechou, e depois passou a vender queijos. Ele fazia oposição ao atual prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves (PP), o qual já foi denunciado pelo empresário por supostas irregularidades na administração municipal.

Em 2009, Oliveira registrou um boletim de ocorrência na polícia relatando ter sofrido um atentado, com tortura, por questões políticas. Ele disse à polícia que um veículo Fusion, de cor branca, o perseguiu e o motorista o abordou. Em seguida, o homem, que não foi identificado, teria dado coronhadas em sua cabeça com uma arma e o ameaçado de morte. Ele cobrava da polícia quem seria o mandante do suposto atentado. As investigações sobre o caso não foram divulgadas.

Além do atual prefeito, a vítima chegou a fazer denúncias contra Toninho Lins (Republicanos), ex-prefeito de Rio Largo, e Cristiano Matheus (MDB), ex-prefeito de Marechal Deodoro (AL).

As denúncias de Oliveira também atingiram o desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas, do TJ-AL (Tribunal de Justiça de Alagoas), ex-sogro de Cristiano Matheus.

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