Avó de 63 anos aprende a ler acompanhando as aulas virtuais do neto em SC
A moradora de Florianópolis (SC), Marlene Hinckel, de 63 anos, está descobrindo um novo mundo: o da alfabetização - e de forma atípica: acompanhando as aulas virtuais do neto, Eduardo Hinckel, de 6 anos, que hoje está no segundo ano do ensino fundamental de um colégio na capital catarinense.
Não foram poucos os motivos para que Marlene retardasse o sonho de aprender a ler e a escrever. Natural de Bom Retiro, na serra catarinense, ela trabalhou na roça até os 25 anos. "Meus pais acharam melhor eu trabalhar na roça do que ir estudar. Era longe da escola onde a gente trabalhava e por isso nunca aprendi a ler ou escrever", contou ela, ao UOL.
Além disso, a idosa casou cedo e teve três filhos na sequência, mas nunca deixou o desejo de estudar de lado. O tempo ia passando, e os desafios do dia a dia eram permanentes. "Eu tinha dificuldade até para saber no supermercado qual era o xampu e o condicionador por não saber ler", relembra.
Em Florianópolis, Marlene busca capacitação
Em 2019, ela resolveu ingressar no EJA (Educação de Jovens e Adultos), para finalmente aprender a ler e escrever, mas as aulas foram interrompidas por conta da covid-19.
A pandemia também fez a filha, Karina Hinckel, perder o emprego. Entre uma visita e outra, Eduardo acompanhava as aulas remotamente na casa da avó. "Meu neto estava aprendendo a ler. O colégio tinha um projeto chamado Super Leitores e eu comecei a me interessar. Logo comecei a estudar também e em pouco tempo estava lendo", comemorou.
Hoje, Marlene espera ser vacinada para voltar às aulas no EJA presencialmente. Já o neto voltou às aulas no Colégio Adventista.
Marlene continua se dedicando à aprendizagem com o conteúdo pedagógico passado pelo colégio do neto. Ela espera, em breve, poder pegar um livro para ler e entender por completo, sem precisar da ajuda de ninguém.
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