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Putin adverte contra provocações do Ocidente enquanto oposição sai às ruas

21/04/2021 18h19

Moscou, 21 Abr 2021 (AFP) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, advertiu nesta quarta-feira (21) ao Ocidente que não "ultrapasse a linha vermelha" com o país, em um momento de grande tensão, e prometeu uma resposta "dura" a essas provocações, em seu grande discurso anual, ao mesmo tempo em que milhares de pessoas protestavam para exigir a libertação do opositor Alexei Navalny.

Esta mensagem e estes protestos acontecem em plena tensão entre Moscou e os países ocidentais por causa da situação do principal adversário do Kremlin, preso e em greve de fome, mas também devido ao envio de militares russos à fronteira com a Ucrânia.

Milhares de pessoas ignoraram a proibição de manifestações, especialmente em Moscou e São Petersburgo, embora o protesto parecesse menor do que no início do ano, após a prisão de Navalny.

Seus apoiadores estão muito preocupados com sua saúde, especialmente porque ele foi transferido para um hospital para presidiários por diagnóstico de tuberculose, após uma greve de fome que durou três semanas.

Segundo a ONG especializada OVD-Info, mais de 1.000 pessoas foram presas nesta quarta-feira em todo o país, principalmente em São Petersburgo, onde foram registradas 351 detenções.

- Linha Vermelha -Em seu discurso anual sobre o estado da nação, Vladimir Putin fez um alerta aos seus detratores estrangeiros.

"Os organizadores de provocações que ameaçarem nossa segurança lamentarão como nunca tiveram que lamentar qualquer coisa", afirmou em seu discurso anual sobre o estado da nação.

"Espero que ninguém tenha a ideia de ultrapassar a linha vermelha com a Rússia", insisitu, antes de prometer uma resposta "assimétrica, rápida e dura".

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, explicou às agências de notícias russas que ao mencionar a "linha", Putin se refería aos interesses de Moscou, à interferência na política interna e a qualquier declaração "ofensiva" para o país.

A Rússia é alvo de sanções ocidentais por causa do conflito na Ucrânia, da repressão à oposição e por acusações de ciberataques, espionagem e interferências eleitorais. E Moscou responde em todas as ocasiões.

Mas o único assunto internacional que Putin abordou de maneira explícita foi a "tentativa de golpe de Estado e de assassinato do presidente de Belarus", revelado no fim de semana pelos serviços de segurança dos dois países.

E o presidente ignorou os apelos dos países ocidentais para retirar as dezenas de milhares de tropas russas posicionadas na fronteira com a Ucrânia, que aumentam o medo sobre um conflito maior.

- Covid-19, crise e eleições -As crises econômica e de saúde provocadas pela covid-19 ocuparam boa parte do discurso do presidente russo.

Putin prometeu mais ajudas para as famílias e frear o aumento dos preços dos alimentos, a poucos meses das eleições legislativas de setembro.

"O mais importante agora é garantir o aumento da renda dos cidadãos", declarou. O poder aquisitivo dos russos está em declínio há vários anos, consequência das sanções internacionais e, agora também, da pandemia.

Vladimir Putin mantém uma grande popularidade, mas seu partido, com fama de corrupto, nem tanto. Uma pesquisa de março do instituto Levada mostrou a formação do presidente, Rússia Unida, com 21% das intenções de voto.

Uma impopularidade que Navalny pretendia aproveitar na campanha.

No âmbito da saúde, Putin elogiou as conquistas científicas do país, onde foram desenvolvidas três vacinas anticovid, que permitirão alcançar, nas palavras do presidente, "a imunidade coletiva no outono" (hemisfério norte, primavera no Brasil).

- "Luta pelo futuro" -Como era de esperar, Putin não falou nada sobre a situação de Navalny.

O opositor foi detido em janeiro, ao retornar à Rússia depois de passar cinco meses em convalescença em um hospital da Alemanha por um envenenamento que atribui pessoalmente a Putin. O Ocidente pede sua libertação.

Especialistas enviados pela ONU informaram nesta quarta-feira que temem pela vida do opositor e pediram "permissão para ser enviado para tratamento médico urgente no exterior".

Apesar da proibição de manifestação, houve protestos em dezenas de cidades russas. Milhares de pessoas saíram às ruas, da capital do Extremo Oriente à Sibéria, passando pelos Urais, gritando "Putin assassino".

Em Moscou, os manifestantes marcharam perto do Kremlin, mas a polícia mobilizou um grande dispositivo para impedir o protesto.

A polícia efetuou operações de busca em locais vinculados à organização do líder opositor e prendeu vários dirigentes do grupo.

"É uma luta pelo futuro", afirmou Andrei Zamiatin, empreendedor de 51 anos. "Navalny quer mudar o sistema e é castigado por ele".

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