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Policiais permitem agressão a acusada de furto e serão investigados no MA

do UOL

Rafael Souza

Colaboração para o UOL, de São Luís (MA)

19/04/2021 21h37Atualizada em 19/04/2021 22h31

A Polícia Militar no Maranhão vai abrir um inquérito militar contra três agentes da corporação acusados de omissão diante de um espancamento dentro de uma loja de roupas no bairro Parque Vitória, em São José de Ribamar, na Região Metropolitana de São Luís.

O caso foi registrado na última sexta-feira (16), quando duas mulheres foram confinadas por uma comerciante dentro do estabelecimento acusadas de estarem furtando roupas. A dona chamou a polícia, fechou a loja e, já na presença das autoridades, começou a dar socos e chutes em uma das suspeitas.

Um vídeo gravado pela câmera de segurança do estabelecimento mostra que os três policiais militares apenas observam e não evitam as agressões.

Após o caso, as duas suspeitas foram levadas para a Delegacia de Plantão do Cohatrac, preferindo ficar caladas durante as oitivas, sem acusar a comerciante ou os PMs.

Segundo nota da Polícia Militar, os agentes conduziram as mulheres mas em nenhum momento relataram a agressão contra uma delas, depois amplamente divulgada nas redes sociais.

O delegado de plantão encaminhou o caso à Delegacia do Parque Vitória, que vai apurar se houve tentativa de furto na loja.

Depois de ouvidas, as duas foram liberadas, sendo que a mulher agredida foi levada a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para receber cuidados médicos.

O secretário Estadual de Direitos Humanos e Participação Popular, Chico Gonçalves, afirmou que os PMs cometeram crimes ao não evitar a violência contra a suspeita. Por isso, ele mesmo levou o caso à Corregedoria da Polícia Militar. Os policiais também responderão a uma sindicância no Conselho de Disciplina.

"Os policiais, em vez de tomarem as medidas legais com base na acusação de roubo e diante das agressões, deram cobertura para o ato ilegal, de violência e violação de direitos, incompatível com a missão do policial militar, do servidor público. O comandante da Polícia Militar, Coronel Pedro Ribeiro, me informou que, logo ao tomar conhecimento do caso, adotou todas as medidas cabíveis sobre essa ação ilegal, determinou abertura de inquérito policial, sindicância demissionária e apuração do Conselho de Disciplina da PM", afirmou o secretário.

A dona da loja foi procurada pelo UOL, mas não quis se manifestar.

Em nota, a Polícia Militar do Maranhão (PMMA) disse que "não compactua" com a atitude dos policiais flagrados no vídeo e que instaurou um procedimento administrativo para apurar o caso.

"No boletim de ocorrência da Delegacia de Plantão do Cohatrac, a guarnição levou as acusadas do furto à delegacia, porém deixaram de relatar e apresentar os atos e atitudes da comerciante que as agrediu. A Polícia Militar informa que os procedimentos adotados pela corporação são sempre pautados na legalidade e no respeito à dignidade da pessoa humana e que já instaurou um procedimento administrativo para apurar as circunstâncias dos fatos, para que sejam tomadas as medidas necessárias", concluiu o comunicado.

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