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"Estão matando Navalny na prisão", alertam amigos e médicos do opositor russo

18/04/2021 12h09

Próximos do opositor russo Alexei Navalny estão extremamente preocupados com a degradação de seu estado de saúde. Doente e em greve de fome em uma colônia penitenciária perto de Moscou, amigos e médicos do advogado alertam que ele pode ter uma parada cardíaca a qualquer momento. 

Os partidários do inimigo número 1 do Kremlin convocaram os russos neste domingo (18) a saírem às ruas na próxima quarta-feira (21) para "salvar a vida" do opositor e advogado. Eles exigem que Navalny seja rapidamente transferido a um hospital.

"Não resta mais tempo, este é o momento para agir. Não se trata apenas da liberdade de Navalny, mas de sua vida. Neste momento, estão matando Navalny em uma colônia penitenciária e não podemos esperar mais", escreveu no Facebook o aliado e mão direita do opositor, Leonid Volkov.

Para ele, a manifestação de quarta-feira pode se transformar em uma batalha decisiva na luta contra o "mal absoluto". "Convidem seus amigos e ocupem as as praças centrais", escreveu Volkov, diretor dos escritórios regionais de Navalny. 

A convocação foi feita depois de os médicos de Navalny terem afirmado no sábado (17) que a saúde do opositor se deteriorou rapidamente. Segundo eles, Navalny apresenta níveis elevados de potássio e precisa urgentemente ser transferido para uma unidade de terapia intensiva, antes que sofra uma parada cardíaca. "Nosso paciente pode morrer a qualquer momento", disse no Facebook o cardiologista russo Yaroslav Ashikhmin.

No último 31 de março, Navalny, de 44 anos, entrou em greve de fome, exigindo tratamento adequado para sua dor nas costas e dormência nas mãos e nas pernas. "Tenho direito de ser examinado por um médico e receber medicamentos. Não me dão acesso a nenhuma dessas duas opções", escreveu Navalny em sua conta no Instagram.

As autoridades russas afirmaram na semana passada que ele foi tratado depois de desenvolver uma infecção pulmonar. 

UE e EUA preocupados com Navalny

Os chanceleres da União Europeia (UE) vão analisar na segunda-feira (19) o caso do opositor russo, informou o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, neste domingo (18). "Os ministros das Relações Exteriores da UE vão discutir a situação de Navalny", disse Maas ao jornal alemão Bild.

O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, afirmou neste domingo que o governo está "extremamente preocupado" com o estado de saúde do advogado. "Desejo que sejam tomadas medidas para garantir a integridade física de Navalny, mas também sua libertação" Para ele, "há uma enorme responsabilidade do presidente Putin" no caso. 

Os Estados Unidos também marcaram sua posição em defesa do opositor russo. O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, advertiu neste domingo que a Rússia enfrentará "consequências", em caso de morte de Navalny.

No sábado (17), o presidente americano, Joe Biden, mencionou o "envenenamento e depois a greve de fome" do opositor russo. Para o chefe da Casa Branca, a situação é "totalmente injusta". 

Envenenamento em 2020

Alexei Navalny é advogado de formação e ficou célebre no mundo inteiro por sua coragem de liderar campanhas anticorrupção contra altos funcionários russos e por suas críticas abertas a Putin. Em agosto do ano passado, ele sobreviveu a um envenenamento que o deixou em coma. O opositor acusou o Kremlin e os serviços de segurança russos de serem os responsáveis, o que Moscou sempre negou.

Na época, Navalny chegou a ser hospitalizado na Rússia, mas foi transferido a Berlim, onde se tratou durante vários meses. Ao voltar para a Rússia, em janeiro deste ano, ele foi detido sob alegação de ter violado as condições de uma pena de prisão suspensa em 2014. 

Depois de um controverso julgamento, ele foi condenado em fevereiro a dois anos e meio de prisão por um caso de fraude e malversação de fundos que data de 2014. Ele e seus partidários denunciam a sentença, alegando que seria fruto de um julgamento político contra ele. 

O advogado é mantido em uma colônia penal, em Pokrov, a cerca de 100 km ao leste de Moscou.

(Com informações da AFP)

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