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O que faz o preço das bicicletas aumentar em meio ao boom de vendas no país

Ciclistas na região da Avenida Paulista, em São Paulo: adesão cresceu em meio à pandemia - FÁBIO VIEIRA/FOTORUA/ESTADÃO CONTEÚDO
Ciclistas na região da Avenida Paulista, em São Paulo: adesão cresceu em meio à pandemia Imagem: FÁBIO VIEIRA/FOTORUA/ESTADÃO CONTEÚDO
do UOL

17/04/2021 04h00

É perceptível o aumento da adesão às bicicletas nos últimos tempos. Os números de 2020 estão aí para provar: as vendas registraram aumento de 50% na comparação com os 12 meses de 2019, com pico de 118% em julho.

A tendência de alta acontece em meio às quedas das importações e da produção nacional. Segundo dados são da LogComex, startup especializada em inteligência de dados para importação e exportação, o país comprou 57.884 unidades em 2020, contra 80.957 no ano anterior, com queda de 28,5%.

De acordo com levantamento da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), a indústria brasileira produziu 56.078 unidades em fevereiro deste ano, enquanto no mesmo mês do no passado o número chegou a 60.398. A redução, então, atingiu 7,2%.

A relação entre oferta e demanda, porém, não é o fator principal para um aumento de preços ao consumidor final. Outros três fatores são mais determinantes para esse cenário. Daniel Guth, diretor-executivo da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), afirma que o frete marítimo, o câmbio desvalorizado e o custo da matéria-prima são mais relevantes no momento.

"A relação entre a oferta e a demanda não explica o aumento dos preços. Exatamente porque o mercado sabe que se fizer alterações bruscas, ele perde espaço porque as pessoas deixam de consumir. O próprio mercado de bicicletas já trabalha com uma alteração ajustada de preços com relação à oferta e à demanda. Não dá pra dizer que componentes e bicicletas em si estão com preço reajustado por conta da alta demanda, explicou Guth.

Ele aponta que a matéria-prima dos principais componentes sofreu reajustes desde o começo da pandemia. Entre elas estão o alumínio, o aço e materiais plásticos. Segundo Guth, isso aconteceu no Brasil e na Ásia, de onde são importados 90% dos componentes.

Tal cenário contribuiu para amentar o impacto de outro fator: o frete marítimo, que, de acordo com Guth, quadruplicou desde o primeiro semestre do ano passado. "Tanto importadores quanto distribuidores e lojistas não conseguiram absorver. Isso acabou sendo repassado pro consumidor final no preço do produto", disse.

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