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Rússia revida sanções dos EUA, que denunciam escalada

16/04/2021 21h32

Moscou, 17 Abr 2021 (AFP) - A Rússia revidou nesta sexta-feira as novas sanções dos Estados Unidos com uma bateria de medidas e proibições contra funcionários do alto escalão do governo americano, que classificou a medida como uma "escalada lamentável" e ameaçou Moscou com um novo contra-ataque.

As duas potências trocam sanções ao mesmo tempo que afirmam desejar uma "desescalada" da tensão e consideram abertamente uma reunião de cúpula entre Vladimir Putin e Joe Biden.

Essa troca de medidas punitivas ocorre no momento em que a relação entre as duas potências rivais segue se deteriorando, diante das acusações de Washington de interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas e de uma situação cada vez mais tensa no leste da Ucrânia.

Washington anunciou na quinta-feira uma nova série de sanções contra a Rússia, que incluirá a expulsão de 10 diplomatas russos e a proibição de que bancos dos EUA comprem títulos da dívida pública russa a partir de 14 de junho.

A resposta de Moscou foi rápida e o ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, anunciou nesta sexta a expulsão de 10 diplomatas norte-americanos.

Também serão proibidos de entrar na Rússia o chefe da agência penitenciária federal dos Estados Unidos e dois ex-altos funcionários do governo Donald Trump, o ex-conselheiro de segurança nacional e o ex-diretor da CIA.

Além disso, Lavrov disse que "recomenda" ao embaixador dos EUA em Moscou, John Sullivan, que retorne a Washington para realizar "consultas sérias e aprofundadas".

"Não recebemos nenhuma correspondência diplomática oficial com os detalhes das decisões do governo russo contra os diplomatas dos Estados Unidos na Rússia", afirmou Sullivan em um comunicado divulgado nesta sexta.

O embaixador russo em Washington, Anatoli Antonov, já havia sido chamado para consultas em meados de março, depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, classificou Putin como "assassino".

Moscou também anunciou nesta sexta a expulsão de cinco diplomatas poloneses e indicou que reservava "algumas medidas dolorosas" para as empresas norte-americanas.

- Desescalada -Embora tenha considerado "inaceitáveis" as sanções americanas, o Kremlin considerou "positivo" o apelo de Biden por uma "desescalada". "O presidente Putin falou [em primeiro lugar] da necessidade de normalizar as relações e de uma desescalada [...], então é positivo que os pontos de vista dos dois chefes de Estado coincidam", declarou o porta-voz da Presidência russa, Dimitri Peskov, que também destacou que os dois países discordam em vários aspectos.

Washington denunciou hoje, no entanto, o que chamou de "escalada lamentável" por parte do governo russo. "Não é do nosso interesse entrar em um círculo de escaladas, mas nos reservamos o direito de responder a qualquer represália da Rússia contra os Estados Unidos", declarou um porta-voz do Departamento de Estado.

Desde sua chegada ao poder, Biden prometeu ser muito mais firme com Moscou do que seu antecessor Donald Trump, acusado de complacência com Putin. Mas em conversa telefônica com o presidente russo esta semana, o inquilino da Casa Branca também propôs ao equivalente russo uma cúpula "em um terceiro país" e "nos próximos meses". "Chegou a hora da desescalada", disse Biden na quinta-feira.

A ideia de uma reunião foi bem recebida em Moscou, embora Peskov tenha reivindicado que Putin foi o primeiro a propor um diálogo profundo, referindo-se a um convite em março para um diálogo online público e ao vivo depois que Biden chamou o presidente russo de "assassino". A oferta foi ignorada pela Casa Branca.

A Finlândia se ofereceu para sediar uma eventual cúpula entre Biden e Putin, segundo anunciou nesta sexta-feira a Presidência finlandesa. O país nórdico já organizou uma cúpula entre Trump e Putin em 2018.

- Sanções e delírios - As relações entre Rússia e Estados Unidos se deterioraram consideravelmente desde 2014, quando Moscou anexou a península ucraniana da Crimeia. As sanções de Washington anunciadas nesta ontem são uma represália ao gigantesco ciberataque de 2020, formalmente atribuído à Rússia, que usou como vetor a SolarWinds, um editor americano de programas informáticos que afetou várias agências federais americanas. Acusado diretamente por Washington, o serviço de inteligência externa russo afirmou que essas acusações são "delírios".

Essas desavenças entre Rússia e Estados Unidos também ocorrem em meio às crescentes tensões russo-ucranianas. A Ucrânia acusa a Rússia de buscar um motivo para invadir o país, e Rússia acusa a Ucrânia de preparar uma ofensiva contra os separatistas pró-russos do Donbass (leste ucraniano).

Os líderes da Ucrânia, Alemanha e França pediram nesta sexta a Moscou para retirar suas tropas da fronteira com a Ucrânia.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, propôs a realização de uma cúpula com Rússia, França e Alemanha, ao final de uma reunião com seu o presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel.

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