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Acusação na notícia-crime é absurda e sem fundamento, diz Salles

Ricardo Salles é suspeito de obstruir uma investigação sobre extração de madeira ilegal na Amazônia. - José Cruz/Agência Brasil
Ricardo Salles é suspeito de obstruir uma investigação sobre extração de madeira ilegal na Amazônia. Imagem: José Cruz/Agência Brasil
do UOL

Colaboração para o UOL

15/04/2021 21h03Atualizada em 15/04/2021 21h40

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, suspeito de obstruir uma investigação sobre extração de madeira ilegal na Amazônia, definiu tal acusação como "absurda" e "sem fundamento", durante entrevista ao jornal O Globo. Ele acrescentou que irá responder "na forma de lei dentro do processo".

Uma notícia-crime encaminhada para o STF (Supremo Tribunal Federal) na noite de ontem afirma que Salles interferiu no Ibama com objetivo de atuar em favor de investigados da Operação Handroanthus GLO, no final do ano passado, a qual havia levado a uma apreensão recorde de madeira ilegal na região amazônica.

A acusação foi redigida pelo então superintendente da PF (Polícia Federal) no Amazonas, Alexandre Saraiva, que foi demitido do cargo nesta tarde. Segundo o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, decisão sobre a troca ocorreu ainda ontem, no mesmo dia do envio da notícia-crime contra Salles.

Saraiva afirmou hoje que cumpriu com dever ao redigir notícia-crime e que "não é todo dia" que um ministro promove "a defesa de infratores ambientais".

Agora, o STF deve avaliar se abre uma investigação criminal contra o ministro do Meio Ambiente. Salles tem foro privilegiado e só pode responder por crimes de natureza penal perante o Supremo.

Brasil é responsável por 3% das emissões globais

Ainda em entrevista ao jornal O Globo, Ricardo Salles afirmou que o Brasil é responsável por apenas 3% das emissões globais, enquanto os países ricos representam 66%. "Os outros é que precisam aumentar suas ambições [...], não podemos assumir uma culpa que não é nossa", diz Salles, sem citar a fonte dos dados mencionados.

Redução de emissões no Brasil entre 2006 e 2017 equivaleria a US$ 113 bilhões na Califórnia

País reduziu 7,8 bilhões de toneladas de emissões de 2006 a 2017, diz Salles, citando dados da ONU (Organização das Nações Unidas). Segundo ele, do ponto de vista mercadológico, redução equivaleria a US$ 133 bilhões na Califórnia e US$ 294 bilhões na Inglaterra — ao passo que Brasil recebeu "um bilhão e pouquinho" até hoje.

Fundo da Amazônia pode ser retomado em julho

O ministro do Meio Ambiente afirmou que o congelamento do fundo não é culpa da pasta e que ocorre porque seus doadores, Noruega e Alemanha, não concordaram com uma sugestão de alteração da governança. "Conversamos com o governo da Noruega duas semanas atrás, e há a possibilidade de ser retomado a partir de julho, se o desmatamento cair ou se estabilizar".

O Fundo da Amazônia encerrou o ano passado com R$ 2,9 bilhões paralisados e está sem atividade desde 2019, segundo a rede Observatório do Clima.

Brasil é parte obrigatória no Acordo de Paris e está em negociação com vários países

"Os Estados Unidos voltaram para o Acordo de Paris com a firme decisão de fazer alguma coisa concreta em prol do combate às mudanças climáticas. Qualquer coisa que se faça nesse sentido, o Brasil é parte obrigatória", segundo Salles.

O ministro acrescentou que, além de conversar com o emissário americano para o clima, John Kerry, o Brasil também está em negociações sobre a área ambiental com a China, Índia, Reino Unido e Alemanha.

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