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Funcionários de hospital e pacientes com covid usam mesmo banheiro em PE

Problemas começaram após parte do forro de gesso no teto da enfermaria desabar - Reprodução/Redes sociais
Problemas começaram após parte do forro de gesso no teto da enfermaria desabar Imagem: Reprodução/Redes sociais
do UOL

Marina Meireles

Colaboração para o UOL, no Recife

15/04/2021 17h23Atualizada em 16/04/2021 10h06

Além das dificuldades para tratar pacientes com covid-19, profissionais de saúde do Hospital Barão de Lucena, no Recife, se queixam da falta de estrutura do local. Um mesmo banheiro tem sido compartilhado por pacientes infectados com o novo coronavírus e funcionários, depois que o forro de gesso cedeu numa ala de pacientes com covid-19.

De acordo com uma trabalhadora da unidade de saúde, que preferiu não se identificar, o espaço é utilizado por nove pacientes, um médico, um enfermeiro, três técnicos em enfermagem, um profissional de fonoaudiologia e um fisioterapeuta.

"Apesar de ter higienização, não tem como ficar higienizando de paciente para paciente. Isso não existe em canto nenhum, nem em hospital privado, nem em público. E o banheiro de paciente é exclusivo para pacientes, e o de profissionais de saúde é exclusivo para profissionais de saúde. Mesmo que não seja covid, você pode se contaminar com alguma coisa", diz a funcionária.

Por meio de nota enviada hoje, a Secretaria Estadual de Saúde confirma a situação relatada pela funcionária do hospital, mas alega que "foi uma situação pontual". "Ao tomar conhecimento, a direção atuou de imediato para manter os espaços separados para pacientes e profissionais", explica a pasta.

Os trabalhadores do hospital, no entanto, afirmam que o problema persiste. Segundo outra funcionária, que preferiu não se identificar, esse problema começou depois que o forro de gesso no teto da enfermaria de covid-19 caiu na madrugada de segunda-feira (12).

"Há mais ou menos um mês, parte do teto de gesso caiu em cima de um paciente da enfermaria adulta, da ala masculina. Só que não houve grandes danos. Apesar disso, os pacientes continuaram a ser admitidos normalmente. Do domingo (11) para a segunda (12), uma parte maior do teto acabou desabando. Um colega de plantão falou que tinha lâmpada pendurada, parte do teto pendurado, e aí tiveram que descer pacientes da ala pediátrica", conta.

Segundo a secretaria estadual, o hospital conta com 36 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 22 de enfermaria, entre pediátricos e adultos. Funcionários relatam que os novos locais não têm distanciamento entre os pacientes, e consultórios estão sendo utilizados para acomodar leitos pediátricos.

"É uma inadequação do setor e do serviço para atender esses pacientes, além das péssimas condições de trabalho a que estamos sendo submetidos", afirma a funcionária.

"Em relação à nova área de atendimento para o novo coronavírus, é importante frisar que ela já estava no planejamento da unidade e sua adequação foi finalizada na semana passada. É preciso lembrar que todas as unidades da rede estadual, desde o início da pandemia, estão reorganizando suas instalações para fazer parte da rede de enfrentamento", esclarece a secretaria.

Procurado pelo UOL, o Cremepe (Conselho Regional de Medicina de Pernambuco) informou que não recebeu denúncias sobre os problemas ocorridos no hospital. "A entidade ressalta que mantém diálogo frequente, através de encontros mensais, com a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco sobre a assistência aos pacientes COVID e não COVID-19. Esclarece ainda que caso a denúncia chegue à autarquia, os fatos serão apurados", diz.

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