Covid-19: com alta de casos, Japão não descarta cancelamento das Olimpíadas

O secretário-geral do Partido Liberal Democrata,Toshihiro Nikai, não descartou, nesta quarta-feira (14) a hipótese de cancelar a Olímpiada em último caso, diante do aumento de contaminações da Covid-19 no país.
 

"Se não for possível organizar os Jogos, devemos cancelá-los sem hesitar", disse Nikai ao canal de TV TBS, nesta quinta-feira (15). "Se as Olímpiadas contribuírem para o aumento das infecções, não sei para que elas servem", acrescentou. 

O representante do governo japonês disse, entretanto, que o país espera que a Olímpiada, que teoricamente começam em 100 dias, sejam um sucesso. Um pouco mais tarde, um representante do partido, citado pela agência Jiji, que não quis se identificar, afirmou que o evento não será cancelado.

A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos está prevista para o dia 23 de julho. O evento, que termina em 8 de agosto, já havia sido adiado em 2020 por conta da pandemia. 

O país enfrenta uma quarta onda de contaminações, o que levou as autoridades a impor novas restrições em diversas regiões, incluindo Tóquio. Nesta quarta-feira, foram registrados 4.000 novos casos, o que não ocorria desde janeiro. A vacinação é lenta, e apenas 1,1 dos 126 milhões habitantes receberam uma dose.

A nova onda epidêmica também atrapalha o calendário das competições de qualificação para os Jogos, assim como a volta da tocha olímpica, que teve início em 25 de março.

A cidade de Matsuyama, no oeste do país, anunciou nesta quarta-feira, por exemplo, que cancelaria a etapa para evitar aglomerações. A região de Osaka também preferiu, na semana passada, fazer a passagem da tocha em um parque fechado ao público.

A população japonesa se opõe à realização dos Jogos Olímpicos de Tóquio nesse verão por conta das restrições sanitárias, de acordo com pesquisas realizadas nos últimos meses.

Por precaução, e pela primeira vez na história, os organizadores japoneses e o Comitê Olímpico Internacional decidiram que o evento não receberá espectadores estrangeiros.

Comitê descarta adiamento

Profissionais da saúde alertaram para o risco ligado à organização dos Jogos Olímpicos no contexto epidêmico. Nesta semana, quatro especialistas pediram em um artigo no jornal científico British Medical que a organização do evento "fosse reavaliada" de forma urgente. "Eventos internacionais de massa, como as Olímpiadas, não são seguros", escreveram.   

O vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional, John Coates, descartou nesta quarta-feira um possível cancelamento. "Estamos prontos, preocupados, a segurança continua sendo nossa prioridade, mas estamos preparados para as piores situações", declarou.

(Com informações da AFP)