Topo
Notícias

Esse conteúdo é antigo

Bolsonaro diz que pode vencer Lula: 'Sei onde está o câncer do Brasil'

do UOL

Do UOL, em São Paulo

15/04/2021 20h04Atualizada em 16/04/2021 08h49

Momentos após o STF (Supremo Tribunal Federal) manter a decisão do ministro Edson Fachin que permite ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retomar seus direitos políticos e estar apto para disputar a eleição presidencial em 2022, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez a sua tradicional live de quinta-feira, nas redes sociais. E o assunto principal foi a provável presença de Lula no pleito do próximo ano.

Em seu discurso, Bolsonaro adotou um tom de temor em relação a uma possível volta de Lula à presidência. Para isso, voltou a fazer críticas ao seu principal adversário político e citou casos de corrupção no governo petista. Sem dizer se será candidato à reeleição, indicou que, em um eventual 2º turno em 2022, somente ele poderia derrotar o ex-presidente.

Vejam qual futuro é reservado para vocês com o que está acontecendo no Brasil. Essa decisão de hoje do STF praticamente anula as condenações de Lula, tornando-o elegível. É só fazer um raciocínio que vocês vão entender: Lula vai ser candidato. Tira eu do combate, quem seria o outro que iria com o Lula para o 2º turno?"

Bolsonaro ainda lamentou "o tipo de gente", nas suas palavras, que Lula escolheria para o STF. "Se ele for eleito, estimula até os petistas, né? Três meses depois, se porventura Lula assumir a presidência, ele vai escolher mais dois ministros para o STF. Tá ok, pessoal? Acho que a conclusão cabe a todos vocês", afirmou.

"Não 'tô' dizendo que vou ser candidato, nem que sou o melhor do mundo, mas vamos ter uma eleição pela frente", acrescentou.

Bolsonaro comentou sobre a corrupção na Petrobras durante a gestão petista. "É um corpo que está com câncer em todos os seus órgãos, tecidos. Na Caixa Econômica Federal não era diferente". Em seguida, questionou resultados financeiros da Caixa durante os oito anos do governo Lula seguidos pela gestão de Dilma Rousseff — Pedro Guimarães, atual presidente do banco, participou da live e endossou o discurso.

Ameaças veladas contra o STF

Após lamentar a decisão do STF que tornou Lula elegível, o presidente Bolsonaro disse saber "onde está o câncer do Brasil", sem ser claro em relação ao que se referia.

"Eu sei onde está o câncer do Brasil, nós temos que ganhar. Se esse câncer for curado, o corpo volta à normalidade", disse. "Estamos entendidos? Se alguém acha que eu tenho que ser mais explícito, lamento".

O comentário também sucedeu a notícia de que a ministra Cármen Lúcia questionou a Câmara dos Deputados sobre a abertura de processo de impeachment contra Bolsonaro.

Não é a primeira vez que Bolsonaro faz ameaças veladas contra o STF. No mês passado, Bolsonaro voltou a repetir que seria "fácil impor uma ditadura no Brasil". Na ocasião, o presidente comentava sobre a reunião ministerial realizada em abril de 2020 —o vídeo foi tornado público pelo ministro aposentado do STF Celso de Mello.

Ontem, o presidente Bolsonaro também disse a apoiadores que está aguardando um sinal da população para "tomar providências". Ele comentava uma reportagem sobre o avanço da fome durante a pandemia do coronavírus. "Só digo uma coisa: eu faço o que o povo quiser que eu faça", declarou ontem, assim como já fizera anteriormente.

Hoje, durante a live, Bolsonaro repetiu que é a população quem dita os rumos do Brasil e que vai agir dentro das "quatro linhas" da Constituição para reestabelecer a ordem. "Alguns querem que seja imediatista, eu sei o que tem que fazer. Se o povo, cada vez mais, se integrar, se informar, cutucar seu vizinho, mostrar para ele o futuro do nosso Brasil, a gente ganha essa guerra."

O plenário do Supremo começou hoje a discutir sobre o envio do Paraná para o Distrito Federal dos processos da Operação Lava Jato contra Lula. A maioria concordou com a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar Lula, mas não entrou em consenso sobre o destino dos processos: se o Distrito Federal ou São Paulo. Esse ponto será discutido na semana que vem.

Notícias