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Temor por novos ataques de grupos extremistas em Moçambique

14/04/2021 09h48

Johannesburgo, África do Sul, 14 Abr 2021 (AFP) - Depois de atacar de forma sangrenta e sofisticada a estratégica cidade de Palma e estocar alimentos e armas, os extremistas islâmicos deixaram o local, mas teme-se que voltem para realizar um novo ataque.

Em 24 de março, grupos armados semearam o terror no porto da rica região em gás natural de Cabo Delgado, matando dezenas de pessoas.

Há três anos, esses combatentes conhecidos localmente pelo nome de Al-Shabab ("os jovens", em árabe) devastam a província de maioria muçulmana, na fronteira com a Tanzânia.

Três semanas após o ataque, ocorrido a dez quilômetros do projeto multibilionário de gás da Total, que a obrigou a interromper suas operações, a região teme novas ações de grupos que juraram lealdade ao Estado Islâmico (EI) em 2019.

Desta vez, os rebeldes poderiam atacar o porto de Pemba, localizado a mais de 200 km ao sul, e a capital provincial de cerca de 150.000 habitantes.

"É provável que os rebeldes tentem organizar um ataque a Pemba nos próximos meses", acredita a consultoria de riscos Pangea-Risk.

"Pemba é o que todos temem, mas é absolutamente impossível dizer onde eles atacarão em seguida", pondera Dino Mahtani, da ONG International Crisis Group (ICG).

- "Já infiltrados" -Em um ano, os grupos armados aumentaram suas forças e assumiram em agosto o controle do porto de Mocímboa da Praia, a cerca de 100 km de Palma.

Nos últimos meses, uma calmaria foi atribuída ao aumento da réplica militar. Mas agora parece mais explicado pela preparação de novos ataques.

Segundo vários especialistas, Mocímboa deu aos extremistas uma base para atacar outras cidades, como Palma.

Um eventual ataque a Pemba significaria o controle de grande parte da costa e dos três principais portos do Oceano Índico.

O exército já está mobilizado para proteger a capital Cabo Delgado. Controla a chegada de refugiados, com medo de que os jihadistas se escondam entre eles.

Mas, até agora, as forças do governo se mostraram incapazes de combater os rebeldes de maneira eficaz.

Centro logístico para instalações de gás com porto e aeroporto, sede administrativa e base para ONGs, Pemba é um alvo sério, temem os especialistas.

"É provável que militantes tenham se infiltrado", segundo o Pangea-Risk.

A saída, na semana passada, da empresa militar privada sul-africana Dyck Advisory Group (DAG), que reforçava o exército na luta contra os extremistas, deixou um vazio no sistema de segurança.

"Durante a estação das chuvas, destruímos infraestruturas dos rebeldes, seus veículos e grande parte de suas reservas de alimentos", disse o chefe da DAG, Lionel Dyck, à AFP. "Obviamente haverá uma reposta".

De acordo com uma fonte das forças de segurança, o exército moçambicano sozinho "não está à altura da tarefa, não tem ideia do que deve fazer".

"Seriam necessárias tropas terrestres eficazes, cobertas por um bom apoio aéreo, o que não existe" neste exército subequipado.

Na semana passada, o exército afirmou que matou 36 jihadistas em operações para retomar Palma.

E o presidente Filipe Nyusi disse que os rebeldes foram retirados de lá, sem anunciar vitória.

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