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Brasileira conta saga para voltar a Paris em último embarque antes da suspensão dos voos

14/04/2021 13h57

A cabeleireira brasileira residente em Paris Ludiana Braz respirou aliviada ao conseguir embarcar no último voo entre o Rio de Janeiro e Paris, logo após o anúncio do primeiro-ministro francês Jean Castex de que os voos seriam suspensos entre o Brasil e a França. Ludiana chegou à capital francesa na manhã desta quarta-feira (14) e contou à RFI a saga para conseguir voltar à França, após horas de incerteza se o voo decolaria e se ela seria aceita em território francês. 

A cabeleireira brasileira residente em Paris Ludiana Braz respirou aliviada ao conseguir embarcar no último voo entre o Rio de Janeiro e Paris, logo após o anúncio do primeiro-ministro francês Jean Castex de que os voos seriam suspensos entre o Brasil e a França. Ludiana chegou à capital francesa na manhã desta quarta-feira (14) e contou à RFI a saga para conseguir voltar à França, após horas de incerteza se o voo decolaria e se ela seria aceita em território francês.

Ludiana, que chegou a fazer dois testes antes de embarcar (negativos para a Covid-19) e tinha todos os documentos exigidos para entrar na França, conta que passou por muito estresse até conseguir, enfim, desembarcar no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Ela compartilhou cada etapa da sua saga nas suas redes sociais, com muito bom humor, mas sem esconder que a viagem foi à base de "cólica, dor de barriga, desespero e fé": "50 tons de desespero", postou ela.

Ao se instalar em Paris, depois de mais de três horas de espera para poder fazer mais um teste PCR na chegada, mesmo já tendo feito no Rio de Janeiro, Ludiana falou à RFI por telefone sobre esta viagem.

"Foi um pouco traumático. Eu arrumei todas as minhas coisas para ir para o aeroporto e, quando eu estava chamando o táxi, saiu a notícia de que os voos seriam todos anulados. Todas as pessoas que eu conheço aqui em Paris me inundaram de mensagens logo que [o primeiro-ministro francês] Castex anunciou a decisão, com prints, dizendo que nem adiantava mais eu ir para o aeroporto, que todos os voos seriam cancelados", ela descreve. "Mas eu decidi ir assim mesmo e ficar lá, tentando, até o último minuto."

"Eu pensei: eu tenho meus documentos de residente, eu fiz dois testes de Covid em dois laboratórios diferentes, para ter certeza, eu não posso perder essa viagem. Aí eu fui para o aeroporto ainda mais cedo do que deveria. Quando cheguei no embarque da Air France, já tinham algumas pessoas esperando, mas ninguém sabia ainda da notícia".

O check-in ainda nem estava aberto quando ela chegou no aeroporto do Galeão. "Eu estava num desespero sem fim, porque as mensagens não paravam de chegar", relata.

Passageiros fizeram check-in sem certeza do embarque

Quando abriram o check-in, o funcionário disse que iria fazer os procedimentos enquanto esperava as orientações que chegavam do governo francês.

Ludiana fez o check-in ainda sem saber se poderia embarcar. "E aí começou a chegar muita gente, começou uma correria no balcão do check-in, porque me parece que todos os franceses que estavam lá no Rio de Janeiro e que iriam voltar para a França, quando viram a notícia, se apressaram para comprar a passagem para este voo", diz ela, que havia comprado a passagem com 11 dias de antecedência e escolheu esta data "por sorte".

"Como muita gente comprou em cima da hora, o voo demorou mais para sair. Eu passei no check-in ainda sem saber se ia dar tudo certo e, quando estava esperando no portão de embarque, toda hora que alguém falava no alto-falante as novas informações sobre o voo 443, eu tremia, eu suava, eu ficava desesperada", conta, rindo, já em solo francês. "Logo depois, falaram que o voo ia sair, nós entramos normalmente e o voo correu bem, sem nenhuma intercorrência."

"Quando chegamos na França esta manhã, tivemos que preencher, além dos dois formulários que já estavam previstos, mais um formulário. E os alto-falantes falavam que seria necessário fazer um outro teste na chegada. Então, antes mesmo de recuperar as bagagens, fomos colocados numa fila gigantesca para fazer o teste. Todo mundo que vinha do Brasil. Quem vinha de outros lugares passava direto", conta.

Ela relata que ficou três horas na fila para conseguir fazer o teste PCR exigido pelo aeroporto e esperou cerca de uma hora pelo resultado. "Quem tinha o teste negativo era liberado para pegar as bagagens e sair do aeroporto".

"O clima estava bem tenso no aeroporto, as pessoas estavam correndo, mas no final das contas eu passei na última volta do ponteiro", lembra, aliviada.

"Decisão acertada de suspender os voos"

Apesar de ter sido impactada diretamente, Ludiana considera que a decisão do governo francês foi acertada.

"Apesar de um pouco imprevista, eu acho que poderia ter sido melhor preparada, na minha opinião é uma decisão acertada, porque a situação no Brasil está realmente muito complicada", opina.

"Eu saí do Rio de Janeiro depois de tomar muito cuidado, de ficar muito tempo em casa, fiz dois testes, mas muita gente não está se cuidando, as coisas estão funcionando, tem muita festa, tem muito desrespeito às regras incentivado pelo governo, então realmente eu não vejo outra forma de controlar isso a não ser fechar mesmo", analisa.

Para poder entrar na França, Ludiana preencheu um formulário em que deu todos os seus dados pessoais, incluindo o seu número da Segurança Social francesa (o equivalente ao SUS na França) e se comprometeu a se isolar e a refazer o PCR em sete dias.

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