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Argentina avança na busca de apoio internacional para renegociar dívida

14/04/2021 20h51

Laura Serrano-Conde.

Roma, 14 abr (EFE).- O ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, está avançando a passos largos na busca por apoio internacional para que o país renegocie sua dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Clube de Paris, de acordo com fontes da pasta.

Guzmán reuniu-se nesta quarta-feira, em Roma, com o ministro da Economia da Itália, Daniele Franco, e também com representantes de empresas como Webuild (antiga Salini-Impregilo), ENI, Pirelli, Leonardo e Ferrovie dello Stato.

De manhã ele teve uma reunião no Vaticano com o papa Francisco, que há seis dias pediu ao FMI e ao Banco Mundial um plano global para o combate às diversas crises decorrentes da pandemia de covid-19, dando "às nações mais pobres e menos desenvolvidas uma participação efetiva na tomada de decisões e facilitando o acesso ao mercado internacional", conforme disse o portal de notícias do Vaticano.

APROFUNDAR CONSENSO INTERNACIONAL.

Guzmán viajou a Roma após se encontrar na Alemanha com o secretário de Finanças e o ministro das Relações Exteriores da Alemanha. Amanhã e na sexta, respectivamente, ele terá reuniões em Madri e Paris com os ministros da Economia de Espanha e França, Nadia Calviño e Bruno Le Maire.

A razão da ida à Europa é aprofundar a construção de consensos na Europa dentro dos planos do governo da Argentina de renegociar sua dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), de cerca de US$ 45 bilhões, e com o Clube de Paris, de US$ 2,4 bilhões, ainda de acordo com as fontes da pasta.

A Argentina, que está mergulhada em uma grave recessão desde 2018 agravada pela pandemia, alega não ter recursos para cumprir esses compromissos e pede o refinanciamento dos termos dessas dívidas e a mudança de regras da estrutura financeira global, segundo as fontes do Ministério da Economia argentino.

PAÍSES ENDIVIDADOS ABALADOS PELA COVID-19.

Os quatro países que Guzmán visita - Alemanha, Itália, Espanha e França - fazem parte do G20, que, sob a presidência rotativa da Itália, pactuou um adiamento dos pagamentos da dívida bilateral dos países mais vulneráveis até o final do ano.

Como ajudar os países mais pobres e endividados a superar suas dificuldades resultantes da pandemia é uma questão que preocupa o G20, e o governo argentino está ciente da situação.

O ministro argentino também está tentando abordar a questão de como utilizar os Direitos de Saque Especiais (DES) para refinanciar dívidas, de modo que eles possam fornecer um apoio extraordinário aos países de renda média em crise.

As reuniões na Alemanha e na Itália foram muito construtivas, disseram as fontes, e Guzmán espera que continuem no resto da agenda.

APOIO DOMÉSTICO.

Além do apoio internacional, o governo de Alberto Fernández também quer articular um amplo apoio político interno ao plano de negociação com o FMI, para que ele seja visto como uma questão de política estatal.

Guzmán foi recebido na manhã desta quarta em audiência privada pelo papa Francisco e lhe apresentou a posição do país sul-americano sobre a renegociação da dívida com o FMI e como abordar a problemática arquitetura financeira internacional que está resultando em sérios problemas sociais, econômicos e de saúde pública no mundo.

A Argentina vem negociando desde o ano passado um novo programa com o FMI para refinanciar a dívida com a organização. Além disso, o país sul-americano tenta negociar sua dívida pendente com o Clube de Paris, que vence no final de maio ou, caso contrário, o fórum de países credores poderá declará-lo em moratória 60 dias após o prazo.

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