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Polícia do Rio faz megaoperação contra 'caixinha' do Comando Vermelho

Polícia do Rio faz megaopecação contra o Comando Vermelho acontece em vários presídios do estado - Rodrigo Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo
Polícia do Rio faz megaopecação contra o Comando Vermelho acontece em vários presídios do estado Imagem: Rodrigo Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo
do UOL

Rai Aquino

Colaboração para o UOL, no Rio

13/04/2021 08h25Atualizada em 13/04/2021 10h52

A Polícia Civil do Rio faz, desde o início da manhã de hoje, uma megaoperação contra a lavagem de dinheiro do CV (Comando Vermelho), a maior facção criminosa do estado. Batizada de "Caixinha S/A", a operação acontece em sete presídios do Complexo de Gericinó, em Bangu, além de Jacarepaguá e adjacências - na Zona Oeste da capital fluminense -, e no Presídio Tiago Teles de Castro Domingues, em São Gonçalo, na Região Metropolitana.

A ação é comandada pela Desarme (Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos) e reúne outras quatro unidades do DPGE (Departamento Geral de Polícia Especializada). Os agentes investigam a movimentação financeira das principais lideranças do Comando Vermelho, que teriam movimentado R$ 6.972.210,00 nos últimos dois anos.

De acordo com a polícia, a quadrilha faz o repasse de "semanadas" entre seus membros presos através de outras pessoas, dentre eles familiares, envolvendo 44 contas correntes e 84 pessoas ao todo. O dinheiro é obtido através das atividades criminosas do bando, como roubo de veículos e de cargas. A "lavagem de dinheiro" era feita, dentre outros, através da compra de imóveis.

"A ação visa desarticular o engenharia financeira de retroalimentação da facção criminosa e possui importância vital e estratégica no macrocombate ao fluxo financeiro e poderio econômico de organizações criminosas que dominam territorialmente complexos de favelas no Rio de Janeiro com atuação beligerante contra o Poder Público e a sociedade civil", destaca o delegado Gustavo Rodrigues, titular da Desarme.

Presídios alvo da operação

  • Penitenciária Dr. Serrano Neves (Bangu 3 A)
  • Penitenciária Gabriel Ferreira de Castilho (Bangu 3 B)
  • Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho (Bangu 4)
  • Presídio Nelson Hungria (Bangu 7)
  • Instituto Penal Vicente Piragibe (Bangu)
  • Instituto Penal Plácido Sá Carvalho (Bangu)
  • Cadeia Pública Paulo Roberto Rocha (Bangu)
  • Presídio Tiago Teles de Castro Domingues (São Gonçalo)

As investigações para a operação começaram a partir da prisão de Elton da Conceição, conhecido como "PQD da CDD", que age na comunidade Cidade de Deus, em Jacarepaguá. Ele, que é apontado como armeiro do tráfico, foi capturado em 21 de maio de 2019 com diversas armas e munições, kits de limpeza de armamentos, equipamentos militares, cerca de R$ 5 mil em espécie e várias anotações de contabilidade do tráfico de drogas.

Na ocasião, também foram encontradas dezenas de comprovantes de depósitos bancários em nome do traficante. O material estava junto da contabilidade da quadrilha.

Com a análise dos comprovantes de depósito apreendidos em poder do investigado, foi identificada uma rede de pessoas interpostas, em sua maioria, familiares, responsáveis pelo recebimento e repasse de quantias oriundas do tráfico de drogas a presos do sistema penitenciário das mais diversas localidades
Delegado Gustavo Rodrigues

Crimes

Ainda segundo as investigações, todos os depósitos tinham relação com integrantes do Comando Vermelho que estão presos ou já passaram por Bangu 3, onde lideranças da quadrilha cumprem pena. No monitoramento das transações, foi observado o envolvimento de 44 contas bancárias, com pelo menos 84 pessoas envolvidas no esquema criminoso - sendo 42 presas e 42 em liberdade.

"Objetiva-se na presente investigação criminal a identificação dos autores com domínio final do fato em comunidades carentes territorialmente dominadas por narcotraficantes, de sorte a atingir o núcleo financeiro das referidas organizações criminosas, a fim de que sejam maximizados os resultados das forças de segurança e minimizados os riscos nocivos conexos à atuação desses marginais da lei", enfatiza Rodrigues.

Os investigados podem responder por organização criminosa e lavagem de dinheiro. A polícia diz que os presos que envolvidos poderão passar a cumprir pena em Bangu 1 (Penitenciária Laércio da Costa Pellegrino), presídio de segurança máxima no Complexo de Gericinó, ou serem transferidos para presídios federais do país.

As investigações irão prosseguir com a análise de medicas cautelares judiciais sigilosas justamente com o confronto analítico com os elementos de informação colhidos diretamente dos envolvidos na primeira fase, até mesmo para afastamento de responsabilidades penais de pessoas que tiveram seus dados envolvidos no fluxo financeiro da organização criminosa sem seu consentimento
Delegado Gustavo Rodrigues

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