Em áudio, Bolsonaro xinga e ameaça senador de CPI da Covid
No áudio compartilhado nas redes sociais de Kajuru, Bolsonaro afirma que a Comissão Parlamentar de Inquérito precisa também investigar governadores e prefeitos. Kajuru, por sua vez, diz que irá trabalhar para ampliar o escopo da CPI.
O presidente ressalta que o senador tem de "fazer do limão uma limonada". "Olha só, o que você tem que fazer. Tem que mudar o objetivo da CPI, tem que ser ampla. Daí você vai fazer um excelente trabalho para o Brasil".
"Se mudar (o objeto da CPI), dez para você, porque nós não temos nada a esconder", disse. "Se não mudar, a CPI vai simplesmente ouvir o (ex-ministro da Saúde Eduardo) Pazuello, ouvir gente nossa para fazer um relatório sacana", acrescentou Bolsonaro na gravação.
Além disso, o presidente do Brasil pressiona o senador a fazer pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). "Kajuru, depois que nós conversamos aqui, nós estamos afinados. Nós dois. É CPI ampla e investigar ministro do Supremo, ponto final. Dez para você", afirma.
Hoje (12), Kajuru divulgou um novo trecho da conversa com Bolsonaro sobre a CPI da pandemia, durante entrevista à Rádio Bandeirantes. Nesta parte, na qual Kajuru que não participará da CPI caso a apuração seja "revanchista", Bolsonaro xinga o senador Randolfe Rodrigue (Rede-AP) e ameaça agredi-lo.
"Mas se você não participa, daí a canalhada lá do Randolfe Rodrigues vai participar. E vai começar a encher o saco. Daí, vou ter que sair na porrada com um bosta desse".
Randolfe é o autor do requerimento para a instalação da CPI que tem como objetivo apurar possíveis omissões do governo federal no combate à emergência sanitária. O senador da Rede, por sua vez, garantiu que não irá se intimidar com a ameaça de Bolsonaro e disse que a "violência costuma ser uma saída para os covardes que têm muito a esconder".
Mais cedo, o líder brasileiro criticou o áudio gravado e divulgado por Kajuru. "O dia que eu fui gravado numa conversa telefônica, tá certo? Olha que ponto que chegamos no Brasil", disse o presidente a apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada.
Na sequência, quando um apoiador afirmou que a atitude foi uma "sacanagem", Bolsonaro ressaltou: "Não é vazar, é te gravar. A gravação só com autorização judicial. Agora, gravar o presidente e divulgar? E outra: só para controle, falei mais coisas naquela conversa lá. Pode divulgar tudo da minha parte, tá?".
Na última semana, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, determinou que o Senado instale uma CPI da Covid. Desde então, Bolsonaro e aliados pressionam para que a comissão analise também a atuação de governadores e prefeitos durante a pandemia do novo coronavírus. (ANSA)
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