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Governo faz campanha por máscara, mas Bolsonaro recebe apoiadores sem

Bolsonaro apareceu sem máscara ao lado de apoiadores - Reprodução/Redes Sociais
Bolsonaro apareceu sem máscara ao lado de apoiadores Imagem: Reprodução/Redes Sociais
do UOL

Carla Araújo, Gilvan Marques e Mariana Durães

Do UOL, em Brasília e São Paulo, e colaboração para o UOL

09/04/2021 21h40Atualizada em 10/04/2021 08h21

O Palácio do Planalto passou a veicular hoje uma campanha a favor do uso de máscara facial e do distanciamento social, para o combate da covid-19. Mesmo assim, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) segue a direção oposta ao que recomenda o Ministério da Saúde. Momentos após o perfil oficial do Planalto, que representa a Presidência da República, compartilhar a mensagem pelo uso de máscara, Bolsonaro encontrou apoiadores sem usar o item de proteção — eles, inclusive, mantinham pouca distância e aproximavam o rosto para tirar fotos.

No vídeo, transmitido hoje à noite em um canal de YouTube bolsonarista, ninguém aparece usando máscara, nem os apoiadores, nem os seguranças (não dá para ver todos, só alguns).

A campanha, publicada em perfis oficiais do Planalto no Twitter e no Facebook, foi autorizada por Bolsonaro e trata-se de uma nova fase do trabalho de conscientização realizado pelo Ministério da Saúde.

"Mesmo com a vacinação contra a covid-19 avançando cada vez mais, é muito importante continuarmos cuidando uns dos outros. Por isso, lave sempre as mãos com água e sabão ou utilize álcool em gel, evite aglomerações, mantenha o distanciamento e use máscara", diz uma das mensagens.

Bolsonaro autorizou campanha

A nova campanha já vinha sendo preparada antes mesmo da chegada do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mas ela não avançava justamente pela resistência do presidente da República. Queiroga, porém, insistiu, inclusive publicamente, afirmando que "daria o exemplo" e defenderia o uso de máscara e de medidas de distanciamento.

Segundo fontes do governo, nos últimos dias Bolsonaro percebeu que precisava ajustar o seu discurso e autorizou a nova campanha.

Há receio entre fontes ligadas ao Ministério da Saúde de que o presidente (como é de costume) volte atrás em algum posicionamento e isso acabe gerando insatisfação com Queiroga, que é o quarto titular da Saúde no governo Bolsonaro.

Até agora, a Saúde já gastou cerca de R$ 50 milhões em publicidade. Os números da nova campanha ainda não foram divulgados. Além das redes sociais, estão programadas inserções publicitárias em rádio e televisão com o mesmo foco.

Além da campanha, o Ministério da Saúde vai lançar nos próximos dias um novo portal com informações atualizadas sobre a covid-19, com destaque também para as medidas preventivas.

CPI da Covid e retorno de atividades

Ao ser elogiado pelos apoiadores por falas contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso, o presidente voltou a reclamar da decisão pela abertura da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid. Segundo Bolsonaro, "não tem cabimento".

"Barroso deu uma liminar para que seja instalada uma CPI da Covid para investigar eu [sic]. Eu dei dinheiro pros caras, muitos sumiram com o dinheiro, eu sou investigado. Não tem cabimento realmente uma interferência dessa no legislativo para atingir o chefe do executivo", disse.

Questionado sobre a paralisação das aulas em todo país, Bolsonaro afirmou ter conversado com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, para uma tomada de decisão de volta às atividades.

"Ele vai dar um parecer favorável a volta às aulas no Brasil. Até para atender um grupo de professores em São Paulo. O problema existe, tem que tomar os cuidados, mas não pode mais ficar em casa. Até quando?", questionou.

Especialistas, no entanto, argumentam que as aulas só devem voltar quando houver queda dos casos, devido ao "elevado risco de transmissão" da doença. Como mostrou o UOL, o grupo Observatório Covid-19 BR, que reúne 85 pesquisadores associados a 28 instituições nacionais e internacionais, já explicou que as comunidades escolares "envolvem grupos de pessoas, por tempo prolongado, em geral em ambientes fechados".

Outro aspecto considerado por especialistas é o fato de alunos, professores e funcionários dependerem do transporte coletivo para chegar e sair das escolas. Além disso, muitos colégios não têm estrutura - como ventilação adequada, pessoal responsável pela limpeza e proteção individual - para que as medidas de sejam totalmente seguidas.

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