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Como foi o crime e por que babá mentiu: o que a polícia apura no caso Henry

do UOL

Herculano Barreto Filho

Do UOL, no Rio

09/04/2021 04h00

Após a prisão temporária ontem (8) do vereador Dr. Jairinho (Solidariedade) e da professora Monique Medeiros, suspeitos pelo assassinato do menino Henry Borel, a Polícia Civil do Rio agora tenta montar as últimas peças de um quebra-cabeça para desvendar todos os detalhes do caso.

O que ocorreu dentro do apartamento na Barra Tijuca, onde o menino foi espancado até ficar desacordado, e por que a babá mentiu em depoimento ainda são lacunas da investigação.

Ainda que Dr. Jairinho e Monique estejam sendo investigados por homicídio duplamente qualificado —com emprego de tortura e recursos que impossibilitaram a defesa da vítima—, a polícia admite a possibilidade de que os detalhes do assassinato nunca sejam conhecidos.

Contudo, os investigadores entendem que há elementos suficientes para incriminar mãe e padrasto da vítima com base nas provas já colhidas.

Às vezes, alguns detalhes nunca são esclarecidos, a não ser se um dos investigados opte por confessar. Só estavam três pessoas [no apartamento onde ocorreu o crime]. Uma delas foi morta. As outras foram presas. E não necessariamente estão interessadas no esclarecimento da verdade. O que nós temos que fazer é reunir provas com base nos laudos pendentes."
Delegado Henrique Damasceno, da 16ª DP (Barra)

Polícia vê em omissão de babá interferência na investigação

Segundo a Polícia Civil, o casal foi preso por suspeita de atrapalhar as investigações e ameaçar testemunhas. Os prints de uma conversa entre Monique e a babá de Henry ocorrida no dia 12 de fevereiro, quase um mês antes do crime, reforçaram o pedido de prisão temporária.

No diálogo, a babá dizia que o menino estava sendo agredido pelo padrasto. Leia aqui a íntegra da troca de mensagens.

"Na conversa entre a mãe e a babá, foi revelada uma rotina de violência. A própria babá fala que o Henry estava mancando [após supostamente levar chute nas pernas]. Quando a babá quis dar banho, ele não deixou que fosse lavada a cabeça porque estava com dores", analisou Damasceno.

Entretanto, a babá omitiu o episódio e contou outra versão em depoimento à polícia. "Nós temos uma testemunha que tinha vínculo [com o casal], que visivelmente contou uma versão falsa. Esse é um dos indícios que demonstra claramente que havia interferência na investigação", disse o delegado responsável pela investigação.

"A babá mentiu ao não comentar sobre qualquer incidente dentro daquela residência. Obviamente, as razões [para ter agido assim] serão apuradas. Ela pode inclusive ser indiciada por falso testemunho", completou.

O celular da babá, que deve ser ouvida novamente na próxima semana, foi apreendido pela polícia.

A mãe não comunicou o caso à polícia e não afastou o agressor do convívio da vítima, o que é obrigação legal. E, mesmo depois da morte de Henry, ela esteve em sede policial por mais de quatro horas para apresentar uma declaração mentirosa, protegendo o assassino do próprio filho."
Henrique Damasceno

Segundo a polícia, novos laudos devem ser concluídos nos próximos dias. Os investigadores também irão analisar o conteúdo de dois celulares jogados pela janela por Jairinho e Monique no momento em que foram presos ontem na casa de uma tia do parlamentar em Bangu, zona oeste carioca.

A polícia também aguarda a conclusão de uma investigação conduzida pela DCAV (Delegacia da Criança e Adolescente Vítima), que apura um suposto caso de agressões à filha de uma ex-namorada do Dr. Jairinho.

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