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Caso Henry: Pai diz acreditar que avó ajudou a acobertar as agressões

do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

09/04/2021 11h14

Leniel Borel, pai do menino Henry, assassinado em 8 de março, disse acreditar que não apenas a mãe, Monique Medeiros, como também a avó materna da criança, Rosângela Medeiros, acobertaram as agressões que o filho estava sofrendo.

Em entrevista ao jornal O Globo, o engenheiro comentou que a avó tentou desconversar sobre a situação e ainda supôs que Henry teria sido coagido a não falar do caso. As suspeitas de Leniel começaram quando, durante conversa com Henry, o menino afirmou que "o tio" o machucava.

"Ele atendeu todo tristinho. Eu perguntei o que houve. Ele me disse: 'Papai, eu não quero ficar na casa nova da mamãe'. Eu perguntei o que tinha acontecido, e ele respondeu: 'O tio me machuca'. Ele estava perto da avó e da babá. Aí eu disse: 'Vocês estão vendo aí que não é coisa da minha cabeça? Vocês não falam que sou eu que estou manipulando o Henry para falar isso?'", disse.

O pai da criança também disse não entender as razões por trás do acobertamento da família da ex-mulher. De acordo com ele, apesar da separação, ainda existia uma relação de amizade e confiança com a ex-sogra.

"Durante a ligação, Dona Rosângela disse: 'Leniel, esquece isso. O Henry é muito inteligente! Ele está fazendo isso por causa da nova casa, pois ele não quer ficar lá. Inclusive a Thayná [babá] está do meu lado e disse que ela fica com o Henry o dia inteiro e só sai quando a Monique chega. Quando a Monique chega, ela dorme com ele'".

Henry foi submetido a sessões de terapia no início do ano e Leniel disse acreditar que a verdade poderia chegar com a profissional. Os pais da criança foram à primeira sessão e, de acordo com o engenheiro, em nenhum momento foi comentada as agressões.

As suspeitas cresceram quando, no mesmo dia da conversa com a avó, Monique telefonou para o ex-marido para avisar que tinha ido à psicóloga. Durante a conversa, ela insistiu para que o pai esquecesse dos comentários de Henry a respeito das agressões.

"Ela [Monique] me ligou para dizer que o Henry estava morrendo de saudades de mim. Eu disse que também estava e que iria buscá-lo no fim de semana. Aí ela me disse que o Henry contou que o 'tio' machucava ele. Eu comentei que havia acabado de falar isso com mãe dela. Ela, então, falou: 'Tira isso da cabeça que isso não acontece. Inclusive, a Thayná só sai quando eu pego o Henry. Ele passa poucos momentos em contato com Jairinho, porque ele chega muito tarde da Câmara. Ele nem tem contato com ele'. Aí eu disse que, a partir do momento que eu visse uma marca no meu filho, a nossa conversa seria diferente."

O pai diz que passou a examinar o corpo do menino e tentar extrair informações. No dia 6 de março, dois antes do crime, Leniel buscou o filho no apartamento de Jairinho e Monique e percebeu que a criança tinha um arranhão no nariz.

"Perguntei a ele o que era aquilo. Ele me respondeu: 'Papai, eu não sei.' Hoje eu acho que ele foi coagido a não falar o que acontecia lá. Ele pode ter sido coagido."

Avó prestou depoimento

Rosângela Medeiros foi interrogada pela polícia no mês passado. Ela relatou aos policiais que era muito próxima do neto e que a criança costumava dormir em sua casa, em Bangu, na zona oeste do Rio, de três a quatro vezes por semana.

Além disso, era comum que os avós passassem algumas noites na residência do casal, na Barra da Tijuca. O parlamentar disse aos policiais que Henry dormia com os avós em seu próprio quarto e que assim não interferia na intimidade do casal.

A mulher falou ainda que, no dia da morte de Henry, recebeu uma ligação da filha. Rosângela falou que a mãe do menino telefonou dizendo que Henry não estava respirando e que foi para o hospital. Ainda no trajeto para a unidade de saúde, Monique teria ligado e informado sobre a morte da criança.

O advogado André França apresentou uma carta escrita a punho —assinada por Rosângela Medeiros— dizendo que as palavras ditas por ela foram distorcidas pela Polícia Civil.

"Na ocasião do meu depoimento o delegado foi extremamente tendencioso e parcial. Trago como exemplo o fato de ele não permitir que eu fizesse declarações fora daquilo que ele queria ouvir, quis relatar fatos em que Leniel [pai de Henry] usava o Henry contra a mãe, relatando à criança episódios mentirosos relacionados a mãe. Tais episódios mentirosos deixavam Henry confuso sobre a mãe. Espantou-me quando o delegado, no momento que me referia que Jairinho não tinha ciúmes da Monique, ter socado fortemente a mesa."

Ainda na carta, Rosângela finaliza pedindo que o advogado "entre em contato com o Ministério Público ou juiz da causa para que proceda o meu novo depoimento de maneira justa e imparcial e tudo seja gravado".

Ontem, Monique e Jairinho deram entrada nos presídios no Rio de Janeiro. Segundo investigadores, o pedido de prisão aconteceu por suspeita de o casal atrapalhar investigações e ameaçar testemunhas. Eles responderão por "homicídio duplamente qualificado com emprego de tortura".

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