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Paris terá mutirão de vacinação contra Covid-19 para desovar estoques

05/03/2021 15h39

A França atravessa um momento particular da epidemia de Covid-19: o número de casos positivos continua alto, mas o governo decidiu apostar num mutirão de vacinação neste fim de semana de 6 e 7 de março para tentar evitar um novo lockdown em Paris. 

A liberação de um estoque de 56.000 doses adicionais das vacinas Pfizer/BioNTech e AstraZeneca para a região parisiense vai permitir essa operação inesperada. Em toda a região de Île-de-France, onde fica a capital, uma centena de postos de vacinação ficarão abertos durante todo o fim de semana para receber idosos com idades acima de 75 anos que estavam na fila e um segundo grupo com mais de 50 anos que apresenta comorbidades. Essas pessoas não puderam ser imunizadas até agora porque as vacinas estavam em falta. Os idosos estão sendo convocados por telefone nesta sexta-feira (5). Em Paris, a prefeitura vai abrir 20 postos de vacinação no sábado e domingo. 

Uma parte dessas vacinas oferecidas pelo Ministério da Saúde era destinada aos médicos e enfermeiros, mas um grande número deles se recusa a tomar o imunizante da AstraZeneca por causa dos efeitos colaterais mais pronunciados. O pessoal da saúde só quer tomar a vacina da Pfizer ou da Moderna. A questão se tornou até uma disputa política da categoria com o governo. 

Enquanto os médicos mantêm essa queda de braço, o ministro da Saúde, Olivier Verán, decidiu desovar 51.000 doses adicionais da Pfizer para esse público prioritário da região parisiense, e o restante de doses da AstraZeneca que também dorme nas geladeiras dos hospitais. Paralelamente, o ritmo da produção industrial acelerou e o governo espera vacinar 20 milhões de pessoas acima de 50 anos até meados de maio. 

Macron aposta na vacinação para reduzir pressão de casos graves nos hospitais

Nesse ritmo, é provável que Paris não precise de um novo lockdown. Esta é a aposta do presidente Emmanuel Macron. Ele disse que enquanto tiver vacina na geladeira, não irá decretar um novo confinamento desnecessário.

Macron sustenta há um mês uma estratégia considerada arriscada: na contramão das recomendações dos especialistas do Conselho Científico, que defendem um lockdown nos fins de semana e até o fechamento das escolas por acharem que a média de 20.000 a 25.000 contaminações diárias é um patamar muito elevado, o presidente francês apostou nos efeitos positivos da vacinação. O tempo e os números estão dando razão a ele: os contágios entre os franceses com mais de 80 anos recuaram 17% em uma semana, diminuindo a pressão nos hospitais. 

Atualmente, 23 departamentos franceses - um tipo de unidade administrativa que engloba vários municípios -, incluindo a região metropolitana de Paris, estão sob vigilância reforçada do governo devido à forte circulação do vírus. Com a entrega iminente de milhares de doses das vacinas, os consultórios médicos começaram a agendar a imunização de pacientes com mais de 50 anos para a segunda quinzena de março.

Nesta sexta-feira, mulheres brasileiras que compartilham um grupo numa rede social contavam que conseguiram se vacinar em hospitais públicos da capital sem ter comorbidades. Elas não estão furando as filas, apenas recebendo as doses rejeitadas pelos profissionais da saúde. 

Disparidades regionais

Os dados nacionais da pandemia na França mostram situações muito diferentes, dependendo da região. Por isso, o governo só decretou lockdown nos fins de semana em três áreas: as regiões metropolitanas de Nice e Dunquerque, e a partir deste fim de semana no departamento do Pas-de-Calais, no norte, todos muito afetados pela variante britânica do coronavírus e onde a ocupação das UTIs ultrapassa 100%. Nessas áreas, estão transportando doentes para outras cidades por falta de leitos. 

No restante do território, a política é toque de recolher às 18h, comércios com mais de 10.000 metros quadrados fechados ao público, ou seja, a maioria dos shoppings centers, e a proibição de venda de bebidas alcóolicas em locais de aglomeração, como nas margens do rio Sena ou no canal de Saint-Martin, em Paris.

Ontem, o primeiro-ministro francês Jean Castex garantiu que o país não enfrenta uma alta exponencial da epidemia como aconteceu durante a primeira onda, no primeiro semestre do ano passado, ou em outubro. A situação é frágil, mas estável.

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