Voo AF 447: Tribunal de Paris se pronunciará em maio sobre processo contra Air France e Airbus
Uma audiência fundamental para as vítimas do acidente com o voo AF 447 da Air France, que caiu no oceano Atlântico quando fazia a rota Rio-Paris, ocorreu nesta quinta-feira (4) no Tribunal de Apelações de Paris. O Ministério Público (MP) solicitou a anulação de uma decisão de 2019, que isentou a companhia aérea e a Airbus de responsabilidade na tragédia. A decisão da Corte será divulgada no dia 12 de maio. O acidente causou a morte de 228 pessoas em 31 de maio de 2009.
A audiência aconteceu a portas fechadas na presença de alguns representantes de famílias das vítimas. O acidente com um aparelho A330 matou todos os passageiros e tripulantes, de 34 nacionalidades. A queda foi causada pelo congelamento das sondas Pitot, que mediam a velocidade do avião e confundiram os pilotos. Até hoje, esta é a maior catástrofe aérea da história da companhia francesa.
Em agosto de 2019, após dez anos de investigações e análises divergentes de especialistas sobre as causas do desastre, os juízes de instrução do caso ordenaram que as acusações contra a Airbus e a Air France fossem arquivadas. Os magistrados adotaram um posicionamento contrário ao do Ministério Público de Paris, que havia pedido uma ação judicial contra a Air France por "negligência e imprudência" no treinamento de pilotos.
Dois anos e meio depois, a Procuradoria se pronunciou a favor do julgamento das duas empresas. "Estávamos começando a nos desesperar e agora vemos a possibilidade de um julgamento", comentou com cautela Danièle Lamy, presidente da associação Entraide et Solidarité AF447, na véspera desta audiência.
O Ministério Público mantém a responsabilidade do fabricante da aeronave por considerar que a Airbus subestimou "a periculosidade dos incidentes de mensuração resultantes da formação de gelo nas sondas".
Após a abertura dos inquéritos contra a Air France e a Airbus em 2011, as investigações se estenderam por conta da batalha de pareceres elaborados por especialistas. Um primeiro relatório em 2012 concluiu que o acidente foi causado por falhas da tripulação, problemas técnicos e carência de informações dos pilotos sobre o congelamento das sondas. Em seguida, uma segunda perícia, solicitada pelo fabricante, apontou para uma "reação inadequada da tripulação" e deficiências da Air France.
As partes civis no processo obtiveram o cancelamento desta segunda perícia e a reabertura do inquérito. Mas uma terceira e última avaliação, em 2017, também destacou "ações de pilotagem manual inadequadas" da tripulação, liberando a Airbus de responsabilidade na catástrofe aérea.
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