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Doria coloca todo o estado de SP na fase vermelha a partir de sábado

do UOL

Lucas Borges Teixeira, Leonardo Martins, Rafael Bragança e Allan Brito

Do UOL, em São Paulo, e Colaboração para o UOL

03/03/2021 12h27Atualizada em 03/03/2021 16h09

O governo de São Paulo anunciou hoje que todo o estado vai entrar na fase vermelha, o mais restritivo do Plano São Paulo, por duas semanas a partir de sábado (6).

Nesta fase, apenas serviços essenciais —como mercados e farmácias— ficam abertos, mas com capacidade reduzida. O objetivo é frear o avanço da pandemia no estado. Ontem, São Paulo registrou 468 mortes pela doença e, nesta quarta (3), atingiu 75,3% da ocupação de UTI (unidades de tratamento intensivo) —dois recordes desde o início da pandemia.

As escolas da rede estadual, um dos principais pontos do debate sobre um possível fechamento, continuarão abertas para alunos que necessitarem de alimentação e suporte educacional, segundo o governo. Os estudantes que "mais necessitam" são:

  • Alunos com necessidade de alimentação escolar
  • Alunos com dificuldade de acesso à tecnologia e outros suportes
  • Alunos com "severa defasagem" de aprendizado
  • Alunos cujos responsáveis trabalhem em serviços essenciais
  • Alunos com saúde mental sob risco

As unidades de ensino municipais e particulares poderão ficar abertas, respeitando o limite legal de ocupação de 35%, a depender dos municípios e das empresas. A presença dos estudantes é opcional e deve ser definida pela família, segundo o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares.

As medidas valerão de sábado ao dia 19, com possibilidade de prorrogação. Essa é uma demanda antiga do Centro de Contingência do Coronavírus, que aconselha o governo em suas estratégias contra a pandemia.

Segundo os integrantes do governo, o Poupatempo terá atendimento digital nesse período, mas os campeonatos de futebol podem continuar, desde que sem plateia. As praias devem ser usadas para "atividades individuais".

Mais leitos para covid

Uma projeção realizada pelo próprio governo apontou que o sistema de saúde entrará em colapso em 15 de março se um fato novo não alterar o rumo da pandemia de covid-19 em território paulista.

Com o risco do esgotamento de leitos, o governo também anunciou hoje a disponibilização de mais 500 vagas para covid-19 —339 de UTI e 161 de enfermaria. Hoje, mais de 7 mil pessoas com a doença estão internadas no estado em unidades terapia intensiva.

De acordo com a equipe tucana, nas últimas duas semanas foram internados, em média, 93 pacientes com a doença por dia.

Nas últimas 24 horas, a central de vagas recebeu 901 pedidos para internação em leitos de UTI. Na prática, isso quer dizer que São Paulo encaminhou um paciente de covid-19 a cada 2 minutos em hospitais públicos ou privados. É o termômetro dessa tragédia.
João Doria (PSDB), governador de São Paulo

O governo diz que os jovens têm ocupado mais e por um tempo maior os leitos de UTI de covid-19. "Temos encontrado pacientes de forma mais graves, muitos dos quais mais jovens. O que temos visto é jovens que não apresentam sintomas tão exuberantes e, quando vão se apresentar com tosse, já têm grande comprometimento pulmonar", disse Jean Gorinchteyn, secretário da Saúde.

'Não existe outra alternativa'

Uma das questões mais debatidas no estado —e no mundo, de maneira geral— é o impacto econômico que medidas restritivas levam aos pequenos negócios.

"A gente entende dificuldade que setores econômicos sofrem, mas tivemos que fazer opção pela vida. Porque hoje, com velocidade que temos na transmissão, não existe outra alternativa que não isolamento", declarou João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência.

Os integrantes do governo apelaram diversas vezes para que as pessoas só saiam de casa para atividades essenciais nas próximas semanas, e sempre com máscaras e tomando todas as medidas de higiene.

Evolução da taxa de ocupação de leitos de UTI para covid-19 nas últimas duas semanas - Reprodução - Reprodução
Evolução da taxa de ocupação de leitos de UTI para covid-19 nas últimas duas semanas
Imagem: Reprodução

Reunião com prefeitos

Ontem, Doria convocou uma reunião com prefeitos e o Centro de Contingência com a intenção de alertar os política sobre a gravidade da nova variante da covid-19, mais transmissível. Mas quem se surpreendeu mesmo foi o comitê de covid-19, que escutou relatos sobre faltas de leitos e colapsos em hospitais municipais de algumas cidades.

A preocupação aumentou e a pasta chegou a debater a ideia de, além de colocar o estado em fase vermelha, incluir um toque de recolher estadual a partir das 20h. Mas isso não foi confirmado.

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