Queda inédita da libra libanesa provoca novos protestos em todo o país
Manifestantes bloquearam estradas com pneus queimados em diferentes partes do Líbano para protestar contra a queda da moeda nacional, que atingiu o valor mais baixo de sua história, na terça-feira (2).
Houve manifestações em Beirute, Tripoli, Saida e Bekaa. Os manifestantes fizeram barricadas e atearam fogo em latas de lixo, expressando sua ira contra a erosão do poder de compra da população e o aumento dos preços devido à desvalorização da libra libanesa.
Os protestos são uma reação popular em meio a uma crise econômica sem precedentes. O país já viveu revoltas populares em 2019 contra a classe política, acusada de corrupção e incompetência. Há mais de seis meses o Líbano espera pela formação de um novo governo.
Apesar do valor oficial ser 1.507 libras por dólar, o preço real para a compra da moeda americana nas ruas supera em muito a taxa oficial. No mercado negro, desde o outono de 2019, a libra experimentou uma queda inédita.
Na planície de Bekaa, grupos furiosos forçaram a entrada em casas de câmbio, onde o dólar era negociado a 10.000 libras. Diante da indignação pública, o Exército e a polícia preferiram evitar os confrontos, contentando-se em vigiar de longe e abrir algumas estradas.
"É uma loucura o que está acontecendo", disse um funcionário de uma casa de câmbio, sob condição de anonimato. O dólar tem oscilado, nas últimas semanas, em torno de 8.000 a 9.000 libras. Em julho de 2020, ele já havia atingido 9.800 libras", observa.
Preços dispararam
A depreciação da moeda já provocou um enorme aumento de preços nos mercados, em um país em que metade da população está abaixo da linha de pobreza.
Alguns manifestantes voltaram a adotar slogans do movimento de 17 de outubro de 2019, data do início de protestos sem precedentes contra uma classe política dominante, sem renovação há décadas, acusada de corrupção e incompetência. "Apelo a todos para irem às ruas. A situação tornou-se insuportável", disse um manifestante a um canal de televisão local, na Praça dos Mártires, em Beirute.
A crescente raiva popular coincide com renovadas tensões políticas e o aprofundamento de disputas entre os partidos tradicionais libaneses. Até hoje eles não conseguiram formar um governo, seis meses depois que o primeiro-ministro Hassane Diab renunciou, logo após a devastadora dupla explosão no porto de Beirute, em 4 de agosto de 2020.
A queda da libra libanesa acontece no momento em que o Banco Central do Líbano começa a avaliar a situação financeira dos bancos, num contexto de pressões internacionais para uma reestruturação do setor bancário no país.
(Com informações da AFP e do correspondente da RFI em Beirute, Paul Khalifeh)
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