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Acusado de assédio sexual, governador de NY diz que não renunciará

03/03/2021 19h43

Nova York, 3 Mar 2021 (AFP) - O governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse nesta quarta-feira (3) que não renunciará após ter sido denunciado por assédio sexual por três mulheres, duas das quais trabalharam para ele.

"Não vou renunciar", declarou Cuomo em sua primeira entrevista coletiva após a revelação das acusações.

O governador democrata se desculpou por seu comportamento e pediu aos residentes do estado de Nova York "que esperem os fatos do relatório do procurador-geral antes de formar uma opinião" sobre o que aconteceu.

"Agi de uma forma que deixou as pessoas desconfortáveis", mas "não foi intencional", disse Cuomo, de 63 anos. "Eu me sinto péssimo com isso e, francamente, estou envergonhado", afirmou à beira das lágrimas, com a voz trêmula.

- "Serei uma pessoa melhor" -"Nunca toquei em ninguém de forma inapropriada", garantiu. "Eu certamente nunca, nunca tive a intenção de ofender ou machucar alguém ou causar dor a alguém".

Cuomo se comprometeu a cooperar "totalmente" com a investigação independente conduzida pela procuradora-geral do estado, Letitia James.

"Serei uma pessoa melhor por causa dessa experiência", afirmou.

Cuomo, que se tornou uma estrela nacional em 2020 por sua gestão da pandemia, caiu em desgraça nos últimos dias.

A primeira a denunciar uma conduta inadequada do governador foi Linda Boylan, de 36 anos, que trabalhou para o seu governo de 2015 a 2018.

Boylan disse que Cuomo a beijou na boca sem sua permissão, sugeriu que jogassem pôquer enquanto se despiam progressivamente a cada derrota até ficarem nus, e se esforçava para tocá-la "na parte inferior das minhas costas, braços e pernas".

- "Queria dormir comigo" -Dias depois da denúncia de Boylan, outra ex-colaboradora, Charlotte Bennett, de 25 anos, disse ao New York Times que Cuomo a assediou no ano passado.

Bennett contou que o governador disse a ela em junho que estava aberto a um relacionamento com uma mulher com mais de 22 anos e que, em sua opinião, a diferença de idade em um casal não afetava a relação, de acordo com o Times.

Bennett afirmou que, embora Cuomo nunca tenha tentado tocá-la, "entendi que o governador queria dormir comigo e me senti terrivelmente desconfortável e assustada".

Na segunda-feira, Anna Ruch, de 33 anos, que ao contrário das autoras das denúncias anteriores nunca trabalhou com ele, disse ao The New York Times que Cuomo a abordou em um casamento em 2019. Ele teria perguntado se poderia beijá-la, após ela empurrar a mão que ele havia colocado na parte inferior de suas costas. O momento foi registrado em foto.

Cuomo, de origem italiana, se defendeu afirmando que há "centenas de fotos" em que aparece beijando homens e mulheres.

"É minha forma habitual de cumprimentar", explicou o governador, lembrando que seu pai, Mario Cuomo, que foi governador de Nova York por três mandatos, também cumprimentava as pessoas assim.

As desculpas apresentadas por Cuomo não convenceram as denunciantes.

"Como os nova-iorquinos podem confiar em você, @NYGovCuomo, para liderar nosso estado se você 'não sabe' quando se comportou de maneira inadequada com sua própria equipe?", tuitou Boylan.

Bennett retuitou uma declaração de sua advogada dizendo que a entrevista coletiva de Cuomo estava "cheia de falsidades".

Vários analistas previram que Cuomo faria parte do governo do presidente Joe Biden, mas agora muitos membros de seu partido estão pedindo sua renúncia.

Nas últimas semanas, Cuomo já havia sido alvo de duras críticas por não divulgar informações sobre o número de mortes por covid-19 em casas de repouso no estado de Nova York.

A legislatura estadual anunciou na terça-feira um acordo para retirar os poderes especiais concedidos ao governador no início da pandemia.

Mesmo que Cuomo supere a crise gerada pelo suposto assédio sexual, alguns especialistas acreditam que o escândalo destrói qualquer esperança de ultrapassar seu pai para governar o estado por um quarto mandato.

lbc/dga/mr/am/mvv

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