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EUA diz que Rússia envenenou Navalny e anuncia sanções

02/03/2021 19h08

Washington, 2 Mar 2021 (AFP) - Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (2) a imposição de sanções contra sete altos funcionários russos em resposta ao envenenamento do dissidente preso Alexei Navalny, pelo qual os serviços de inteligência de Washington responsabilizam Moscou.

Washington insistiu em seu apelo para que a Rússia libertasse o líder da oposição, cuja prisão em janeiro após seu retorno a Moscou gerou uma onda de manifestações antigovernamentais.

As sanções, que visam, entre outros, Alexander Bortnikov, diretor do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), foram decididas "em estreita consonância" com os países da União Europeia (UE), disse uma autoridade americana sob anonimato.

A punição prevê, entre outras coisas, o congelamento dos bens dos sancionados nos Estados Unidos.

O Departamento de Comércio dos Estados Unidos disse que também sancionaria 14 empresas ou entidades com controles sobre suas exportações, dada a possibilidade de ajudarem a Rússia a desenvolver armas químicas.

"O governo dos EUA exerceu sua autoridade para enviar um sinal claro de que o uso de armas químicas e abusos dos direitos humanos pela Rússia têm sérias consequências", disse o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, em um comunicado.

"Qualquer uso de armas químicas é inaceitável e viola os padrões internacionais", disse ele.

Para Washington, não há dúvida: Moscou está por trás da "tentativa de assassinato" de Navalny.

"A comunidade de Inteligência considera com um alto nível de confiança que funcionários do Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia usaram um agente nervoso conhecido como Novichok para envenenar o líder opositor russo Alexei Navalny em 20 de agosto de 2020", disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.

"Reiteramos nosso apelo por uma libertação imediata e incondicional de Navalny", acrescentou.

Poucas horas antes do anúncio americano, que acompanha uma decisão parecida da UE, o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, afirmou que a política de sanções "não está atingindo seus objetivos".

E o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, em conversa com seu homólogo uzbeque, alertou para a retaliação, dizendo que a regra da diplomacia "é o princípio da reciprocidade".

Na véspera, os Estados-membros da UE aprovaram sanções contra quatro altos funcionários russos das áreas de Justiça e Defesa, envolvidos na prisão e condenação de Navalny.

Os sancionados também serão proibidos de viajar para a UE e os Estados Unidos.

O governo de Biden destacou que restringirá algumas exportações para a Rússia, prometendo uma postura mais firme que a de seu antecessor, Donald Trump, que expressava admiração pelo presidente russo, Vladimir Putin.

- "Estabilidade" -No entanto, apesar das tensões, o presidente americano também estendeu o pacto de desarmamento nuclear com a Rússia.

"Não estamos tentando escalar, não estamos tentando reiniciar, estamos buscando estabilidade e previsibilidade e áreas de trabalho construtivo com a Rússia quando for de nosso interesse", disse um dos funcionários.

Os responsáveis disseram que os Estados Unidos vão divulgar nas próximas semanas novas conclusões das agências de inteligência sobre outros pontos críticos com Moscou.

As questões incluem alegações de que a Rússia pagou recompensas a militantes ligados ao Talibã para assassinar soldados americanos no Afeganistão e seu suposto envolvimento no ataque massivo contra a empresa americana SolarWinds.

Navalny, de 44 anos, se sentiu muito mal durante um voo interno, que teve que fazer um pouso de emergência na Sibéria e depois foi hospitalizado em Berlim.

Ele afirma que os serviços secretos russos o envenenaram com Novichok, um agente neurotóxico desenvolvido por pesquisadores soviéticos e também supostamente usado no ataque duplo ao agente russo Sergei Skripal e sua filha, Yulia, em 2018.

Após sua recuperação, Navalny retornou para Moscou em janeiro e foi imediatamente detido.

Ele foi enviado a uma colônia penal ao leste da capital russa, depois que um juiz decidiu que, ao ir para a Alemanha, ele violou os termos da liberdade condicional em uma sentença suspensa por um polêmico caso de fraude em 2014.

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