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Nova chefe da OMC pede desbloqueio de negociações em seu primeiro dia no cargo

01/03/2021 13h35

Genebra, 1 Mar 2021 (AFP) - A nova chefe da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, defendeu nesta segunda-feira (1) o desbloqueio das negociações sobre os subsídios à pesca, no primeiro dia de um mandato histórico à frente de uma instituição em crise e em plena pandemia.

"Chego a uma das instituições mais importantes do mundo e temos muito trabalho. Sinto-me pronta", disse Ngozi ao chegar, cedo, na sede da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra.

Primeira mulher e primeira africana a liderar a OMC, não perdeu um minuto e inaugurou pela manhã uma escultura de gelo representando peixes, instalada por ONGs, na companhia do embaixador da Colômbia, Santiago Wills, presidente das negociações sobre subsídios à pesca.

"Realmente sentimos que a sobrepesca, a sobrecapacidade e a pesca ilegal são fatores que prejudicam a sustentabilidade. Por isso é importante (...) que concluamos as negociações o mais rapidamente possível", afirmou, indicando que a sua presença servia para apoiar Wills em "tentar desbloquear a situação".

Ela também reservou o dia à escuta, pois presidirá a primeira reunião do Conselho Geral e encontrará os vice-diretores gerais, que pilotaram a instituição durante os seis meses de vacância do poder e parte de sues equipes.

Duas vezes ministra das Finanças e chefe da diplomacia da Nigéria por dois meses, Ngozi, de 66 anos, substitui o brasileiro Roberto Azevedo, que deixou o cargo em agosto, um ano antes do final de seu mandato.

Ngozi trabalhou por 25 anos no Banco Mundial e foi indicada no dia 15 de fevereiro pelos 164 países membros da OMC após um longo processo seletivo, paralisado por vários meses pelo veto à sua nomeação pela ex-administração Trump.

Ela inicia o seu mandato no primeiro dia do Conselho Geral, uma oportunidade para fazer um balanço das negociações em curso.

Os delegados decidiram que a próxima Conferência Ministerial - que foi adiada pela pandemia de covid-19 - acontecerá na semana de 29 de novembro em Genebra.

Até lá, a nova chefe da OMC, conhecida por sua força de vontade e determinação, terá tido tempo para imprimir sua marca na instituição.

- Prioridade para a pandemia -Em plena pandemia, Ngozi, que foi presidente da GAVI Alliance até o ano passado, pediu recentemente à OMC que se concentrasse nesta crise de saúde, já que os países estão divididos a respeito de uma isenção - proposta pela Índia e África do Sul - de direitos de propriedade intelectual sobre tratamentos e vacinas anticovid para maximizar a produção global.

O assunto será debatido nos próximos dois dias na OMC, mas nenhuma decisão é esperada sem consenso.

O Grupo de Ottawa, que reúne a UE e 12 países, entre eles Brasil, Canadá e Suíça, exigirá, por sua vez, que os países se comprometam, durante a pandemia, a não atrapalhar o comércio de medicamentos e eliminar tarifas sobre produtos considerados essenciais.

Além das discussões sobre a ajuda à pesca, que ela espera concluir na próxima conferência ministerial, vários outros grandes projetos aguardam a nova chefe da OMC, incluindo a resolução de conflitos entre a organização e os Estados Unidos.

Ela assume a chefia de uma instituição atacada, em particular, pela administração de Donald Trump, que era abertamente hostil à organização e havia até bloqueado o funcionamento do órgão de solução de controvérsias.

Nesta segunda-feira, Ngozi pediu aos membros da OMC para estabelecer um "plano para a reforma do sistema de solução de controvérsias" e para preparar um programa de trabalho sobre este tema.

Diante de tantas tarefas, "o tempo é curto", alertou e propôs reuniões com os delegados "individualmente e em grupo" a partir desta semana.

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