Presidente armênio não assina ordem para destituir comandante do Exército e aprofunda crise
Yerevan, Arménia, 27 Fev 2021 (AFP) - O presidente da Armênia, Armen Sarkisian, anunciou neste sábado (27) sua recusa a assinar a ordem para destituir o chefe do Estado-Maior do Exército, decretada pelo primeiro-ministro após acusar as Forças Armadas de tentativa de golpe de Estado.
"O presidente da República, no âmbito das seus poderes constitucionais, devolveu o projeto de decreto com objeções", afirma um comunicado oficial, antes de considerar que a crise "não pode ser resolvida com frequentes mudanças de funcionários". Pouco depois, o premier Nikol Pashinyan publicou no Facebook que devolveria a ordem à presidência, assinalando que sua decisão não havia aplacado, "em absoluto", a crise.
A decisão do chefe de Estado armênio aprofunda a crise política nesta ex-república soviética no Cáucaso, que começou com a derrota da Armênia para o Azerbaijão na guerra pelo controle da região de Nagorno-Karabakh em novembro. Diante do risco de um desastre, o primeiro-ministro Nikol Pashinyan aceitou, com o apoio do Exército e de seu Estado-Maior, um cessar-fogo negociado pelo presidente russo, Vladimir Putin, que implicou em perdas territoriais para a Armênia.
As divisões, no entanto, aumentaram na quinta-feira, quando Pashinyan desafiou um pedido dos militares para a sua renúncia, acusou o Exército de tentativa de golpe e ordenou a destituição do chefe do Estado-Maior, Onik Gasparian. Na manhã deste sábado, quase 5.000 manifestantes da oposição, que exibiram bandeiras armênias e pediram a renúncia do chefe de governo, reuniram-se diante do Parlamento em Yerevan, onde alguns estão acampados.
"Hoje, Pashinyan não tem nenhum apoio. Peço aos serviços de segurança e à polícia que se unam ao Exército, que o apoiem", disse o ex-primeiro-ministro Vazgen Manukian, nome que a oposição deseja para liderar um novo governo. "Tenho certeza de que a situação será resolvida em dois ou três dias", disse à multidão.
bur-emg/jxb/tjc/jvb/gf/lb
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