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Uigures: Parlamento holandês acusa China de genocídio e Pequim ameaça acordo comercial com UE

26/02/2021 12h55

Os parlamentares holandeses votaram uma moção considerando como genocida o tratamento da China à minoria muçulmana chinesa uigur, uma decisão sem precedentes em um país membro da União Europeia. Pequim refuta o termo com veemência.

"Um genocídio está ocorrendo em Xinjiang", diz o texto votado pelos deputados holandeses, evitando acusar diretamente o governo chinês de ser o responsável pela situação uigur.

A moção não teve o apoio do partido conservador do primeiro-ministro holandês, Mark Rutte. Mas é a primeira vez que um país europeu usa o termo "genocídio" para classificar a relação do gigante asiático com a minoria formada pelos uigures.

A Holanda se junta assim aos Estados Unidos e o Canadá, que também consideram que o internamento em massa, o trabalho forçado de centenas de milhares de uigures nas plantações de algodão, as esterilizações e a destruição de sítios culturais não são nada menos do que um "genocídio".

China indignada, França tímida

A resposta de Pequim foi rápida: os legisladores holandeses "difamaram deliberadamente a China", disse o Ministério das Relações Exteriores chinês.

O país refuta o termo "genocídio" e menciona a existência de "centros de formação profissional" destinados a ajudar a população a encontrar emprego e assim afastá-la do extremismo.

O jornal oficial chinês Global Times avalia que a moção votada pelos deputados holandeses pode até mesmo colocar em questão o acordo comercial duramente negociado entre Pequim e a União Europeia.

Em 24 de fevereiro, o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, denunciou um "sistema de repressão institucionalizada". Em uma conversa entre o presidente Emmanuel Macron e seu homólogo chinês Xi Jinping, nesta sexta-feira, as violações dos direitos humanos em Xinjiang não foram mencionadas.

Situação em Xinjiang

Pequim acusa o movimento separatista e islâmico uigur de vários ataques mortais cometidos contra civis na região de Xinjiang e, por isso, teria iniciado uma política de vigilância máxima da minoria muçulmana.

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, argumentou, no entanto, que o PIB per capita em Xinjiang aumentou quase 40 vezes em 60 anos, e que a expectativa de vida saltou de 30 para 72 anos, para justificar a interferência estatal na região.

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