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Nigéria: mais de 300 estudantes são raptadas no noroeste do país

26/02/2021 12h02

Centenas de adolescentes nigerianas foram capturadas em um pensionato na noite de quinta-feira (25) para sexta-feira (26). As alunas da escola de Jangebe, no estado de Zamfara, foram levadas por um grupo de homens armados, segundo as autoridades locais.

De acordo com Sulaiman Tunau Anka, porta-voz do governo local, o grupo chegou ao estabelecimento em veículos e obrigou as meninas a saírem com eles. O número exato de estudantes sequestradas ainda não é conhecido, mas um professor afirma que 600 adolescentes estavam nos dormitórios no momento do ataque e apenas 50 foram encontradas. Ele também acrescentou que algumas meninas "podem ter escapado". A polícia esteve no local "em busca dos criminosos", disse o representante do governo.

O rapto das adolescentes é o último de uma série ocorrida no centro e no noroeste da Nigéria por grupos armados, chamados localmente de "bandidos." Eles aterrorizam a população, roubam rebanhos e saqueiam os vilarejos. Há apenas nove dias, por exemplo, um bando invadiu um pensionato em Kagara, no estado do Níger, onde 42 pessoas, entre elas 27 alunos, foram capturados.

O presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, lançou uma operação de resgate das vítimas e o governo está negociando com os criminosos, segundo as autoridades do país. As quadrilhas visam principalmente ganhar dinheiro, mas algumas se aliaram a grupos jihadistas presentes na região.

É o caso do bando que fez de refém um grupo de 344 alunas de um pensionato da cidade de Kankara, no estado de Katsina, associado ao Boko Haram. Elas acabaram sendo liberadas depois de uma semana de negociações. No dia 9 de fevereiro, o chefe do grupo armado, Awwalun Daudawa, responsável pelo rapto, se entregou às autoridades em troca de um acordo de anistia.

Em 2014, o Boko Haram também sequestrou mais de 200 estudantes em Chibok, no nordeste do país. Em fevereiro  de 2018, os jihadistas também capturaram 105 meninas de uma escola. Um mês depois, todas foram liberadas, exceto a única cristã do grupo, Lea Sharibu.

Crimes de guerra

Os bandos do norte e do centro da Nigéria praticam há anos os raptos em troca de dinheiro, atacando vilarejos ou ônibus nas estradas. Nos últimos meses, os ataques contra escolas cresceram no país. "Estamos com raiva e triste com esse novo ataque brutal", declarou Peter Hawkins, representante da Unicef na Nigéria, em um comunicado. "Pedimos aos responsáveis que liberem as meninas imediatamente e tomem medidas para garantir sua liberação em total segurança, assim como a segurança de outros alunos na Nigéria", acrescentou.

A Anistia Internacional também condenou o ataque no Twitter, e declarou que esse tipo de ação é um crime de guerra. "No norte da Nigéria, a educação está sendo atacada. As escolas deveriam ser locais seguros e nenhuma criança deveria ser obrigada a escolher entre sua educação e sua vida", escreveu a ONG em um comunicado.

O presidente do Senado, Ahmad Lawan, afirmou que uma nova estratégia deve ser adotada pelo governo para garantir a segurança das escolas.  "Essa onda de sequestros certamente vai desmotivar os pais a escolarizarem suas crianças", lamentou.

Com informações da AFP

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