Topo
Notícias

Esse conteúdo é antigo

Fachin pauta suspeição de desembargadores no caso do sítio de Atibaia

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concede entrevista ao UOL - UOL
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concede entrevista ao UOL Imagem: UOL
do UOL

Thaís Augusto

Do UOL, em São Paulo

26/02/2021 17h55

O ministro Edson Fachin do STF (Supremo Tribunal Federal) pautou dois habeas corpus da defesa de Lula que pedem a suspeição dos desembargadores João Pedro Gebran Neto e Carlos Thompson Flores, que condenaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do sítio de Atibaia (SP). A informação foi divulgada pelo Globo e confirmada pelo UOL.

O ministro Fachin é o relator da Lava Jato no STF. Se os desembargadores forem suspeitos, todas as ações do caso no âmbito do TRF-4 (Tribunal Regional da 4ª Região) podem ser anuladas — o tribunal é responsável por julgar recursos referentes a casos da Lava Jato de Curitiba.

Os dois habeas corpus foram pautados por Fachin no plenário virtual da Segunda Turma —os ministros poderão depositar seus votos entre os dias 5 e 12 de março.

Nos pedidos da defesa de Lula, os advogados reforçam o entendimento de que os desembargadores foram parciais em suas decisões. Os advogados citam, por exemplo, uma "indiscutível relação de amizade íntima" entre o desembargador Gebran Neto e o ex-ministro Sergio Moro, "cuja sentença proferida em outro processo foi aproveitada para a elaboração da sentença condenatória recorrida [caso do sítio de Atibaia]".

Os advogados usam o termo "relação de afeto" e argumentam que "o cenário apresentado, de clara amizade entre os profissionais, já possibilita se suscitar a hipótese de suspeição, o que enfraquece uma das balizas essenciais da imparcialidade", escrevem os advogados.

Ainda segundo a defesa "é possível atestar como tal vinculação configura um risco ao qual o acusado não deveria nunca ser submetido".

Sobre o desembargador Thompson Flores, a defesa de Lula criticou os elogios públicos feitos por ele à sentença proferida por Moro no caso do triplex no Guarujá (SP). Mesmo sem acesso aos autos e aos argumentos de apelação, Thompson afirmou que a decisão de Moro foi "irretocável" e "irreprensível", afirmam.

Por fim, os advogados argumentam que houve uma "intensa mobilização" entre Moro, Thompson Flores e Gebran Neto "para impedir o restabelecimento da liberdade" do ex-presidente em 2018, quando o desembargador de plantão Rogério Favreto determinou a soltura de Lula, que estava preso em Curitiba.

No pedido, é citado que Moro determinou que a Polícia Federal não cumprisse a determinação de Favreto, que reiterou a ordem de soltura.

Na sequência, narra a defesa e "em procedimento absolutamente atípico, já que o habeas corpus fora impetrado em regime de plantão", o desembargador Gebran Neto manteve Lula preso, e "o cenário reforça a ruptura da imparcialidade objetiva".

Relembre o caso

O processo do sítio de Atibaia foi o que rendeu a segunda condenação de Lula em ações judiciais da Operação Lava Jato. Na denúncia do MPF (Ministério Público Federal), o ex-presidente é acusado de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do sítio de Atibaia.

Segundo os procuradores, o imóvel passou por reformas custeadas pelas empresas Odebrecht, OAS e Schahin em benefício do petista e de sua família. Em troca, os três grupos teriam sido favorecidos em contratos com a Petrobras.

O sítio está em nome de Fernando Bittar e Jonas Suassuna, sócios de Fábio Luiz Lula da Silva, filho de Lula —o ex-presidente sempre negou as acusações e afirmou que não é dono da propriedade.

Em novembro de 2019, os desembargadores Leandro Paulsen e Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz seguiram o voto do relator, João Pedro Gebran Neto, e condenaram Lula em segunda instância.

Segundo Gebran, Lula "fazia e solicitava melhorias no sítio de Atibaia", e as obras foram feitas em benefício do ex-presidente.

Já Paulsen argumentou que há provas de que houve favorecimento das empresas a Lula no caso, como notas fiscais pagas pelas empreiteiras. "[Lula] utilizava-se e valia-se daquele sítio com absolutamente intimidade, agindo como se proprietário fosse", disse.

Na mesma linha, Thompson Flores disse que Lula foi quem "efetivamente teve proveito direto das benfeitorias realizadas no imóvel".

Notícias