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Bolsonaro diz que Telegram da Lava Jato revela 'perseguição' a sua família

?Dallagnol demonstra querer fugir de sua responsabilidade?, afirmou presidente - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
?Dallagnol demonstra querer fugir de sua responsabilidade?, afirmou presidente Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
do UOL

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

26/02/2021 12h07Atualizada em 26/02/2021 17h01

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que diálogos de mensagens de procuradores da Operação Lava Jato mostram que sua família sofre "perseguição". Ele citou mensagens obtidas a partir do aplicativo Telegram do telefone celular do ex-coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná Deltan Dallagnol. Acusou de fugir de responsabilidade por supostamente saber a autoria de vazamentos de informação relacionados a seu filho senador, Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

As afirmações foram feitas em uma rede social na manhã de hoje (26). No texto Bolsonaro se manifestou sobre o caso dois dias depois de encerrar uma entrevista coletiva para não responder a uma pergunta sobre a decisão do Superior Tribunal de Justiça de anular parte das provas usadas na denúncia criminal contra o familiar. De acordo com o presidente da República, a quebra dos sigilos bancários foi "criminosa".

"A perseguição à família Bolsonaro se mostra em vários diálogos entre Dellagnol [sic] e membros do MP", escreveu o presidente na rede social.

Segundo Bolsonaro, houve "a tentativa de cooptar o entorno do presidente da República para a escolha do PGR em 2019". Naquele, o presidente escolheu um procurador-geral da República, Augusto Aras, fora da lista tríplice dos procuradores. Aras não é identificado como um especialista em combate à corrupção e sua independência em relação ao Planalto vem sendo questionada. Por isso, boa parte dos procuradores têm criticado Bolsonaro e Aras nos bastidores ou em público.

Bolsonaro se referiu a trechos de diálogos da Lava Jato publicados num jornal da região metropolitana de Curitiba no qual escrevia o jornalista Oswaldo Eustáquio — apoiador do presidente que está preso sob a acusação de organizar atos antidemocráticos.

Nas conversas, Deltan e os procuradores Roberson Pozzembom e Jerusa Viecili fazem piadas a respeito de quem seria o autor dos vazamentos de dados do sigilo bancário de Flávio Bolsonaro.

"Identificamos a fonte do vazamento dos dados da família Bolsonaro!! O COAF e MP juntos!", escreveu Deltan em 22 de janeiro de 2019. Pozzobom e Jerusa riem: "Hahahaha" e "Kkkkkk".

Para o presidente, Dallagnol tenta dizer que tudo foi brincadeira. "Demonstra querer fugir de sua responsabilidade", disse Bolsonaro na rede social hoje. "Os diálogos do vazamento da família ocorreu [sic] em 2019, onde [sic] Bolsonaro já era Presidente da República. ISSO É CRIME!"

No Rio de Janeiro, uma das investigações da Lava Jato, a Furna da Onça, obteve um relatório do Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) mostrando transações financeiras atípicas dos assessores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, entre eles os de Flávio Bolsonaro. O documento foi enviado ao Ministério Público Estadual do Rio.

A Promotoria, então, aprofundou as investigações e obteve quebras de sigilo fiscal e bancário do senador. Flávio Bolsonaro foi denunciado por desvio e lavagem de dinheiro pelo Ministério Público. Ele foi acusado de obter R$ 2,6 milhões da Assembleia Legislativa do estado a partir de desvio de salário de funcionários com a participação de um ex-assessor e amigo do presidente, o policial Fabrício Queiroz. Parte do dinheiro, R$ 89 mil, caiu na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

MPF diz que contexto é "jocoso"

Em nota enviada ao UOL, o Ministério Público Federal no Paraná afirmou que não reconhece a autenticidade das mensagens. No entanto, a assessoria do órgão disse que, mesmo que elas sejam consideradas, fica claro que os procuradores comentavam o tema em tom "jocoso".

"As mensagens mostram, evidentemente, somente uma brincadeira entre colegas de trabalho", disse a nota da Procuradoria da República no Paraná." Qualquer interpretação diferente que se faça da questão, além de ser totalmente contrária ao contexto jocoso revelado pelas próprias supostas mensagens, não tem qualquer amparo na realidade."

O MPF do Paraná destacou que a força-tarefa da Lava Jato investigava crimes relacionados às empresas do grupo Petrobras, "não alcançando eventuais investigações relacionados ao presidente ou a sua família".

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