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Líder de rede jihadista é condenado a 10 anos e meio de prisão na Alemanha

24/02/2021 09h03

Um notório pregador iraquiano apontado como o líder de fato do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) na Alemanha foi condenado a 10 anos e seis meses de prisão por um tribunal alemão nesta quarta-feira (24). Ahmad Abdulaziz Abdullah Abdullah, de 37 anos, mais conhecido como Abu Walaa, foi acusado de dirigir uma rede jihadista que radicalizou jovens na Europa e os ajudou a viajar para o Iraque e a Síria.

Ele foi considerado culpado de pertencer a uma organização terrorista estrangeira, ajudando a planejar atos violentos subversivos e financiando o terrorismo. O veredito marcou o fim de um "caso especial" que foi "muito longo e muito complexo", disse o juiz Frank Rosenow ao proferir a sentença após 245 dias de audiências.

Abu Walaa estava no banco dos réus com três outros homens em um julgamento custoso de alta segurança que começou em 2017 na cidade de Celle, no norte da Alemanha. Três corréus foram condenados a penas de quatro a oito anos por apoiarem o grupo EI.

Os promotores solicitaram uma sentença de prisão de 11 anos e meio para Abu Walaa, enquanto a defesa havia defendido a absolvição e criticado depoimentos de testemunhas importantes.

"Pregador sem rosto"  

Abu Walaa chegou à Alemanha como solicitante de asilo em 2001 e foi preso em novembro de 2016, após uma longa investigação pelos serviços de segurança da Alemanha.

Pregador de uma mesquita na cidade de Hildesheim, ele teria recrutado pelo menos oito jihadistas - a maioria deles "muito jovens" - para o grupo EI, incluindo dois irmãos gêmeos alemães que cometeram um sangrento ataque suicida no Iraque em 2015.

Apelidado de "pregador sem rosto" por seus vídeos online em que sempre aparecia de costas para a câmera, ele também teria propagado a Jihad - guerra santa islâmica - na agora fechada mesquita de Hildesheim.

Entre aqueles que Abu Walaa supostamente ajudou a radicalizar estava pelo menos um dos três adolescentes que foram condenados por um atentado a bomba em 2016 em um templo sikh em Essen, oeste da Alemanha.

Outro terrorista com possíveis ligações com Abu Walaa foi Anis Amri, o tunisiano que matou 12 pessoas quando dirigia um caminhão em um mercado de Natal de Berlim em 2016. Amri estava supostamente em contato com Boban Simeonovic, um corréu no processo de Abu Walaa, que teria colocado o solicitante de asilo tunisiano em seu apartamento em Dortmund. Simeonovic foi condenado a oito anos de prisão.

Amri, que foi morto na Itália enquanto fugia de uma operação policial, também compareceu a uma mesquita de Berlim conhecida por suas ligações com o jihadismo, na qual Abu Walaa ocasionalmente pregava.

Uma ligação direta entre Amri e Abu Walaa permanece não comprovada.

Mentiroso notório

A acusação contra o pregador iraquiano é amplamente baseada no testemunho de um informante do serviço de inteligência que passou meses coletando evidências. O informante foi dispensado de testemunhar pessoalmente perante o tribunal por temer que isso colocasse sua vida em perigo.

Outro informante importante foi um jihadista desiludido que concordou em cooperar depois de retornar à Alemanha de um território controlado pelo grupo EI. Ele revelou aos investigadores que havia feito parte da rede de Abu Walaa antes de viajar para a Síria.

No entanto, o advogado de Abu Walaa, Peter Krieger, insistiu que esses depoimentos não eram confiáveis, dizendo ao tribunal que a testemunha principal era um "mentiroso notório".

Embora as autoridades alemãs agora vejam o terrorismo de extrema direita como o principal perigo para a segurança interna, a ameaça do extremismo islâmico permanece. Há duas semanas, três irmãos sírios foram presos na Dinamarca e na Alemanha sob suspeita de planejarem ataques a bomba.

De acordo com o Ministério do Interior, as forças de segurança alemãs evitaram 17 ataques planejados por radicais islâmicos desde 2009. Em 2016, houve uma série de atentados bem-sucedidos.

As autoridades acreditam que há 615 islamistas potencialmente perigosos morando atualmente na Alemanha, cinco vezes mais que em 2013.

(Com informações da AFP)

 

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