Diplomacia entra em ação em Mianmar, enquanto protestos continuam
Bangcoc, 24 Fev 2021 (AFP) - O ministro das Relações Exteriores de Mianmar nomeado pela junta militar viajou nesta quarta-feira (24) à Tailândia para estabelecer um diálogo com as potências regionais, a fim de encerrar três semanas de protestos após o golpe de Estado dos generais.
Wunna Maung Lwin conversou com os chanceleres de Tailândia e Indonésia durante a primeira reunião conhecida entre um membro da junta e funcionários de governos estrangeiros, durante um dia em que o saldo da repressão aumentou para cinco mortos, já que uma organização de resgate anunciou a morte de um manifestante detido.
O Exército birmanês tem sido condenado internacionalmente há várias semanas por derrubar a chefe de governo civil, Aung San Suu Kyi, em um golpe de Estado em 1º de fevereiro.
No país, a junta enfrenta grandes manifestações diárias e um movimento de desobediência civil que afeta todos os setores da sociedade birmanesa.
A ministra das Relações Exteriores da Indonésia, Retno Marsudi, expressou nesta quarta-feira sua preocupação com a segurança e o bem-estar dos cidadãos birmaneses, ao considerar que é necessário um "processo de transição democrática inclusivo".
"Pedimos a todas as partes que atuem com moderação e que não recorram à violência para evitar vítimas e derramamentos de sangue", pediu em Jacarta.
A ministra esperava visitar Naypyidaw, a capital administrativa de Mianmar, depois de sua visita a Bangcoc para transmitir diretamente a posição da Indonésia e de outos países, mas informou que a viagem teve que ser adiada.
Sem confirmar a reunião, o primeiro-ministro tailandês, Prayut Chan O Cha - que chegou ao poder após um golpe de Estado em 2014 - afirmou que o assunto "está sendo tratado pelo Ministério das Relações Exteriores".
"Somos vizinhos amistosos e devemos ouvir uns aos outros. Somos membros da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), queremos que haja cooperação e enviamos nosso apoio moral para que tudo esteja em paz", concluiu.
- Manifestações persistem -Na madrugada desta quarta-feira, centenas de manifestantes se reuniram pelo segundo dia consecutivo em frente à embaixada da Indonésia no centro de Yangon, a maior cidade de Mianmar.
Insatisfeitos que o país vizinho esteja considerando negociar com a junta - oficialmente chamada de Conselho de Governo do Estado -, eles carregavam cartazes que diziam "Pare de negociar com eles" e "Indonésia, não apoie o ditador".
"A junta militar não é nosso governo legítimo", disse à AFP Seinn Lae Maung, uma manifestante com a bandeira birmanesa pintada no rosto. "Agradecemos o respeito pelos nossos votos e pela escuta das nossas vozes", exclamou.
"Não fazer nada não é uma opção", disse Marsudi em resposta às críticas.
Nas últimas três semanas, os generais intensificaram o uso da força para enfraquecer a mobilização pró-democracia em Mianmar, onde milhares de pessoas os desafiam tomando as ruas diariamente.
As forças de ordem usaram gás lacrimogêneo, canhões d'água e balas de borracha contra os manifestantes, e também houve ações isoladas com munição real.
O número de mortos desde o golpe de Estado aumentou para cinco nesta quarta-feira, depois da morte de um homem de 20 anos que havia sido detido e sofria de uma lesão na perna após uma manifestação no fim de semana passado em Mandalay, a segunda maior cidade do país.
As manifestações continuam em todo país nesta quarta, de Yangon - onde grupos de minorias étnicas vestidos em trajes tradicionais marcharam com suas bandeiras - até Mandalay, onde manifestantes marcharam sobre elefantes.
bur-dhc/del/pz/mab/zm/mr/tt/aa
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.