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Dados de saúde de meio milhão de franceses vazam e chegam às redes sociais

24/02/2021 10h31

O jornal Libération dessa quarta-feira (24) traz uma investigação sobre o vazamento de dados de saúde de meio milhão de franceses na Internet. O diário afirma ter rastreado a origem e o percurso do vazamento sem precedentes na França. Aproximadamente 30 laboratórios foram alvo de hackers, que roubaram informações pessoais de milhares de pacientes. Os dados foram inicialmente divulgados na dark web, mas há algumas semanas começaram a circular também nas redes sociais.

O arquivo, que foi identificado pela primeira vez em 14 de fevereiro, tem quase 500 mil linhas com informações íntimas das vítimas, como número do seguro social, data de nascimento, grupo sanguíneo, endereço e número de celular, além de, em alguns casos, precisar o estado de saúde, doenças e tratamentos prescritos. Entre os pacientes que tiveram os dados publicados, está o ex-ministro francês da Defesa, Hervé Morin.

Gravidade

Para Damien Bancal, jornalista especializado em delinquência na rede, a publicação foi resultado de uma disputa entre hackers que tentaram comercializar os dados, que provêm de exames laboratoriais realizados entre 2018 e 2019. Mas as informações não teriam sido vendidas, e sim disponibilizadas na Internet de maneira gratuita, o que, segundo especialistas citados por Libération, é preocupante. Ao ser publicado, o arquivo perde todo seu valor comercial e agrava a difusão das informações.

Os médicos que aparecem nos arquivos confirmam as informações e se dizem perplexos que os dados de seus pacientes estejam expostos na web e que eles não tenham sido informados.

O vazamento de dados sensíveis como arquivos de saúde é especialmente perigoso, diz o jornal. As pessoas que aparecem nos arquivos poderiam se tornar alvos de chantagens personalizadas, de emails falsos com informações pessoais para conseguir dinheiro e informações bancárias ou de pedidos de ajuda, utilizando as doenças das vítimas.

Os laboratórios contatados por Libération e a empresa que comercializa o programa Dedalus, usado pelos laboratórios hackeados, dizem não ter sido informados por autoridades da divulgação criminosa dos dados de seus pacientes. As suspeitas giram em torno da migração de dados do programa para sua versão atualizada.

Segundo Libération, nos últimos dois anos, o número de cyberataques explodiu, atraindo até mesmo criminosos tradicionais. Devido ao menor risco de condenações, o mercado de compra e venda de dados de saúde prospera on line. Os hackers se sentem em segurança porque a dimensão internacional de suas atividades dificulta o trabalho da polícia e da Justiça.

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