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Primeiro contato entre Biden e Putin tem pacto nuclear como tema principal

27/01/2021 01h16

Washington/Moscou, 26 jan (EFE).- A ampliação do prazo do último tratado de desarmamento nuclear em vigor entre Rússia e Estados Unidos, o Novo Start, foi nesta terça-feira o principal tema da primeira conversa telefônica entre Vladimir Putin e Joe Biden, presidentes dos dois países.

Após a conversa, o Kremlin anunciou que ambos chegaram a um acordo para estender o tratado nuclear por cinco anos, mas a Casa Branca ainda não confirmou a informação e disse que as negociações ainda estão em andamento para unificar as posições antes que ele expire, em 5 de fevereiro.

Em comunicado, o Kremlin informou que "nos próximos dias" todos os procedimentos necessários serão concluídos para garantir a extensão do Novo Start.

"Os presidentes (Putin e Biden) manifestaram sua satisfação com a troca de notas diplomáticas de hoje sobre o acordo para a extensão do tratado de armamento ofensivo estratégico", diz a nota.

Além disso, de acordo com a agência de notícias estatal russa "RIA Novosti", Putin já entregou à Duma (Câmara dos Deputados) o documento que acompanha o projeto de ratificação do acordo, segundo o qual os EUA propõem a prorrogação do tratado até 5 de fevereiro de 2026.

"VONTADE" DE PRORROGAR TRATADO.

Ao ser perguntada sobre o acordo pela Agência Efe, uma porta-voz da Casa Branca limitou-se a destacar que Biden e Putin falaram sobre "a vontade de ambos os países de estender o Novo Sart por cinco anos", como informou o governo americano em comunicado sobre a conversa entre eles.

O único acordo que a Casa Branca mencionou nessa nota é sobre "trabalhar urgentemente" para que EUA e Rússia cheguem a um pacto antes de 5 de fevereiro.

Assinado em 8 de abril de 2010 pelos então presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rússia, Dmitry Medvedev, o Novo Start limita o número de armas nucleares estratégicas a um máximo de 1.550 ogivas nucleares e 700 sistemas balísticos para cada uma das duas potências, em terra, no mar ou no ar.

O governo do ex-presidente Donald Trump insistiu na participação da China nas negociações para prorrogar o tratado, algo que Pequim rejeitou e que em nenhum momento foi apoiado por Moscou.

Por sua vez, a Rússia argumentou que a França e o Reino Unido, as outras duas potências nucleares declaradas membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, deveriam ser incluídas nos debates.

A renovação do tratado é uma questão de interesse para diferentes países e instituições, como a União Europeia (UE), já que Moscou e Washington possuem 90% de todas as armas nucleares do planeta.

MUDANÇA DE POSTURA DOS EUA.

Além do Novo Start, a Casa Branca quis mostrar que Biden adotará uma política mais firme em relação à Rússia, em contraste com a postura de seu antecessor, Donald Trump, e de outros presidentes dos EUA, como Obama, que no início de seu mandato tentou "restabelecer" as relações com Moscou.

A Casa Branca ressaltou que Biden "deixou claro" a Putin que "os EUA agirão com firmeza para defender seus interesses nacionais" e os de seus aliados.

Por isso, o primeiro assunto que Biden abordou na conversa foi sobre o envenenamento do opositor russo Alexei Navalny, recentemente preso, e as supostas recompensas que a Rússia ofereceu a milícias ligadas ao Talibã em troca da morte das forças da coalizão internacional no Afeganistão.

Biden também confrontou Putin sobre a suposta interferência russa nas eleições de 2020 e o recente ataque cibernético que Washington atribui à Rússia e que tentou roubar segredos de grandes empresas americanas, do Pentágono e de laboratórios nucleares, entre outras agências federais.

Por fim, de acordo com a Casa Branca, Biden reafirmou o "forte apoio" dos Estados Unidos à "soberania" da Ucrânia.

TOM CONCILIATÓRIO DO KREMLIN.

Por sua vez, o Kremlin adotou um tom conciliatório e caracterizou a conversa como "franca" e "formal".

De acordo com o Kremlin, Putin pediu a "normalização" das relações entre Moscou e Washington, lembrando a "responsabilidade especial" de ambas as potências em manter a estabilidade e a segurança no mundo.

A relação entre Moscou e Washington, velhos inimigos da Guerra Fria, passou por um período de certa harmonia durante a presidência do russo Boris Yeltsin (1991-1999), mas piorou com a intervenção da Otan na ex-Iugoslávia.

A tensão aumentou em 2014 com a anexação da Crimeia - então parte da Ucrânia - pela Rússia, o que levou à imposição mútua de sanções e à redução da cooperação entre os dois países.

EUA e Rússia também entraram em conflito por causa da guerra na Síria e da suposta interferência de Moscou nas eleições de 2016 e 2020 nos EUA.

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