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MDB analisa acordo com Alcolumbre e pode largar candidata da própria sigla

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), no plenário da Casa - Pedro França/Agência Senado
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), no plenário da Casa Imagem: Pedro França/Agência Senado
do UOL

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

27/01/2021 20h34

O MDB analisa um acordo com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), de dar importantes espaços ao partido dentro da Casa mesmo com a eventual vitória do principal rival da candidata da própria sigla, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Com as negociações, o MDB pode largar sua candidata Simone Tebet (MDB-MS) pelo meio do caminho. Ainda assim, ela não deverá desistir da candidatura. Se não contar mais com o apoio oficial do MDB - que pode ser revisto nos próximos dias -, Simone deverá se lançar de forma avulsa.

Rodrigo Pacheco é o candidato de Alcolumbre e tende hoje a vencer a disputa por ter mais partidos apoiando-o publicamente. Ele conta ainda com o apoio do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

A eleição no Senado está marcada para a próxima segunda-feira (1º).

O líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), afirmou que a discussão sobre uma composição com o grupo político de Alcolumbre e Pacheco "foi iniciada hoje". Um dos principais responsáveis por conduzir essa articulação é o líder da bancada do MDB na Casa, Eduardo Braga (AM), reconduzido hoje para a função por mais dois anos.

"O MDB reconduziu o Eduardo Braga para mais dois anos de liderança. A partir daí, tendo recebido uma proposta de consenso pela chapa oponente, que é liderada pelo Rodrigo Pacheco, as hipóteses devem ser analisadas com serenidade, tranquilidade e entendendo o histórico do Senado", afirmou Gomes.

A decisão foi tomada após reunião de mais de quatro horas numa das sedes do MDB no Congresso Nacional com a cúpula do partido. Ao longo das últimas semanas, Alcolumbre vem trabalhando para criar dissidências no partido, atrair os emedebistas a Pacheco e fazer com que os colegas de Simone a abandonassem.

Alcolumbre esteve ontem na casa de Eduardo Braga em Brasília para discutir a distribuição de espaços no Senado seguindo a proporcionalidade das bancadas partidárias. No caso, a tradição de o partido com a maior bancada da Casa - no caso, o MDB com 15 senadores - poder indicar nomes para os principais cargos na Mesa Diretora e comandar as principais comissões.

Alcolumbre teria oferecido ao MDB a vice-presidência na Mesa e pelo menos uma comissão. A sigla quer continuar à frente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Atualmente, Simone é a presidente do colegiado. Braga nega que a posição do MDB seja em troca de cargos, mas, sim, para respeitar o princípio da proporcionalidade e se chegar a um consenso.

Hoje pela manhã, Alcolumbre, Braga e Simone se reuniram para discutir o assunto.

"O que o Davi veio conversar comigo foi que, tirando a disputa política da Presidência, obedecêssemos a proporcionalidade. O que é, diga-se de passagem, regimental, republicano por ser critério impessoal e transparente", disse Braga. "É um processo que a gente defende no MDB há muito tempo."

Em fevereiro de 2019, o MDB perdeu a eleição à Presidência do Senado ao enfrentar um racha interno na bancada - Simone Tebet contra Renan Calheiros (AL). Se não fossem por acordos de última hora, corria o risco de ficar sem espaços relevantes na Casa até hoje.

Mal-estar começou logo após lançamento de Simone

O mal-estar com a candidatura de Simone começou logo após ela ser lançada oficialmente em 12 de janeiro. A expectativa inicial era de que ela contasse com o apoio integral do MDB, Podemos e PSDB, entre outros senadores de partidos menores no Senado com tendência à oposição.

Simone venceu internamente Eduardo Gomes, Eduardo Braga e o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). No ato do lançamento de seu nome, as palavras de ordem no MDB eram "união" e "candidatura única".

No entanto, desde então, nem todos os apoios foram se consolidando. Além de dissidências no próprio MDB, o Podemos deve dar a ela no máximo sete votos dos nove senadores da bancada. O PSDB, três dos sete. Simone conta ainda com o suporte do Cidadania e do PSB, entre alguns outros dissidentes, mas sem passar dos 38 votos, já considerando um cenário otimista, avaliam aliados dela.

A frustração foi crescendo no MDB junto à avaliação de que era melhor tentar garantir logo mais espaço na direção do Senado se aliando a Pacheco — com mais perspectiva de vitória — do que seguir com Simone até o final.

Segundo Braga, Simone afirmou que manterá a candidatura, mesmo que independentemente. O líder do MDB diz acreditar que ela conseguirá votos dentro da bancada de qualquer forma.

As conversas sobre o tema continuarão nos próximos dias.

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