Diante da popularidade de Trump entre eleitores conservadores, senadores republicanos se posicionam contra impeachment
Os senadores americanos prestaram sermão, na terça-feira (26), como jurados na perspectiva de um processo de impeachment de Donald Trump. No entanto, as chances de o ex-presidente ser destituído diminuíram devido à fidelidade dos eleitores conservadores.
Anne Corpet, correspondente da RFI em Washington
O julgamento de Donald Trump começará em duas semanas, o que lhe dá tempo para preparar sua defesa. Para que o ex-presidente seja condenado, seria necessário que 17 republicanos se aliassem aos democratas. No entanto, poucos senadores conservadores devem ousar enfrentar a alta popularidade do ex-presidente junto a seu fiel eleitorado.
Essa tendência ficou ainda mais evidente durante a rejeição da acusação contra Trump na terça-feira pela maioria dos senadores republicanos. Apenas cinco representantes dos conservadores no Senado não apoiaram a pressão para rejeitar o caso antes do início do julgamento.
Em pé, com a mão direita levantada, os senadores juraram servir à Justiça de maneira imparcial durante o processo de destituição. Mas logo depois de prestar sermão, o republicano Rand Paul já contestou a moção. Paul também questionou a constitucionalidade de um julgamento de impeachment em um momento em que Trump já deixou o cargo e afirmou que o processo "chegará morto ao Senado".
"Desde a quarta-feira passada, Donald Trump não ocupa nenhuma posição no governo. Ele é um cidadão comum. Anuncio, assim, minha objeção. Esse processo viola a Constituição e não está conforme", ressaltou.
O chefe da nova maioria democrata, Chuck Schumer, rebateu: "A teoria segundo a qual a destituição de um ex-governante é inconstitucional é completamente falsa, qualquer que seja a análise: do ponto de vista do contexto constitucional, da prática histórica e do senso comum mais básico".
Entre os 45 dos 50 republicanos que apoiam a legalidade do julgamento de Trump, está Mitch McConnell, que reconheceu a responsabilidade do ex-presidente da invasão do Capitólio em 6 de janeiro. No entanto, a probabilidade de que os conservadores apoiem a iniciativa é cada vez mais improvável.
Trump prepara sua defesa
Em seu tradicional "refúgio" na Flórida, Trump se dedica ao golfe, seu esporte preferido, e estuda sua defesa no julgamento que deve ter início em 8 de fevereiro. O anúncio na segunda-feira (25) da inauguração do "gabinete do ex-presidente" em Palm Beach é uma clara demonstração de que pretende continuar na ativa. "O presidente Trump será para sempre um campeão do povo americano", afirmou, em comunicado.
De fato, o magnata conta com uma forte popularidade entre seus eleitores. Nas eleições de 3 de novembro, ele obteve 74 milhões de votos. Trump também afirma contar com US$ 70 milhões de fundos de campanha, e quer que os senadores republicanos pensem em seu próprio futuro antes de se atreverem a frustrar o seu.
Embora muitos republicanos estejam furiosos pela maneira como o ex-presidente incentivou seus apoiadores a invadirem o Congresso, os conservadores também querem recuperar a maioria do Senado e da Câmara dos Representantes nas eleições de meio de mandato de 2022 e a Casa Branca nas eleições de 2024.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo The Washington Post-ABC News em janeiro, quase seis em cada dez republicanos e independentes com tendências conservadoras acreditam que o partido deve permanecer sob a liderança de Trump.
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