Topo
Notícias

Mortes e vacinas da covid-19 não estão relacionadas

24/01/2021 15h20

Paris, França, 24 Jan 2021 (AFP) - Desde o início das campanhas de vacinação contra a covid-19, casos de pessoas foram relatados em alguns países que morreram logo após a injeção, mas essas mortes, muito poucas, não são atribuídas à vacina até o momento.

- Idosos e pessoas mais frágeis -Na semana passada, a Noruega relatou 33 mortes de pessoas idosas nas quais foram inoculadas a vacina Pfizer/BioNTech. Até então, 20.000 residentes em centros de idosos haviam sido vacinados.

Pelo menos 13 dos mortos, cujo perfil foi examinado de perto, não eram apenas "muito velhos", mas também "frágeis" e com "doenças graves", afirmou a agência de medicamentos.

A autoridade de saúde levantou a hipótese de que os efeitos secundários da vacina, como febre ou náusea, que não são graves para um paciente saudável, teriam contribuído para um "desfecho fatal em alguns pacientes frágeis".

Fora da Noruega, essas declarações causaram um grande rebuliço e foram frequentemente usadas para alimentar o discurso antivacina, a ponto de as autoridades norueguesas terem de insistir que não há uma relação causal.

Na França, em 22 de janeiro, a agência de medicamentos relatou a morte de nove "pessoas mais velhas" em centros para idosos ou dependentes, "todas elas com doenças crônicas ou tratamento forte". Até então, 800 mil foram vacinados.

"Nada nos permite concluir que as mortes mencionadas sejam relacionadas à vacinação", acrescentou a agência.

Outros exemplos semelhantes são a morte de 13 idosos na Suécia e sete na Islândia. As autoridades sanitárias de ambos os países também não estabeleceram uma relação causal.

Em Portugal, a autópsia de um profissional de saúde que morreu dois dias depois de ser vacinado também não revelou qualquer "ligação direta com a vacina da covid-19".

- Sem vínculos, mas com vigilância -Por enquanto, "nenhuma morte de um idoso foi atribuída à vacina [Pfizer/BioNTech]", resumiu a Agência Europeia de Medicamentos em 18 de janeiro, lembrando que as autoridades investigam sempre que uma "morte ou evento grave é detectado".

Os sistemas de farmacovigilância em nível nacional e europeu são usados para identificar os efeitos adversos de uma vacina, relatados por equipes médicas e fabricantes, e até mesmo por pacientes.

Isso não significa que uma relação causal seja certificada. As autoridades de saúde analisam os casos detalhadamente para verificar se existem ou não. O processo é complexo.

No momento, considerando o número e o perfil da população, os óbitos não são considerados anormais tendo em vista as estatísticas de óbitos da população vacinada.

Em um grande número de países europeus, como França, Noruega, Reino Unido e Espanha, as pessoas frágeis fazem parte do primeiro grupo de vacinados.

"Não é inesperado que algumas dessas pessoas possam adoecer naturalmente por causa de sua idade ou de suas patologias logo após serem vacinadas, sem que a vacina desempenhe qualquer papel", afirma o regulador de medicamentos britânico.

- Uma comunicação delicada -Todos os países não comunicam da mesma forma sobre este assunto delicado.

Alguns, como a França ou os países nórdicos, preferem declarar o número de mortes e possíveis efeitos colaterais, mesmo que nenhum vínculo tenha sido estabelecido. Outros se abstêm de divulgar números.

A agência de medicamentos britânica indicou, por sua vez, que "no futuro" comunicaria regularmente.

O vocabulário também é delicado para as autoridades. Se, na linguagem comum, um vínculo parece implicar uma relação de causa e efeito, não é esse o caso. O "vínculo" pode ser apenas cronológico (a morte ocorre após a vacina) e não causal (a vacina causou a morte).

No entanto, as autoridades de saúde europeias acreditam que as mortes não colocam em dúvida a segurança da vacina e insistem na solidez de seus sistemas de farmacovigilância. Mesmo assim, prometem se comunicar claramente em caso de sinais preocupantes.

A Noruega manteve assim a sua campanha de vacinação, embora tenha renovado a recomendação de uma avaliação médica antes da aplicação da injeção em uma pessoa muito frágil ou na fase final da sua vida.

Ao menos 60 milhões de doses foram aplicadas em ao menos 64 países ou territórios, de acordo com uma contagem da AFP de dados oficiais de 23 de janeiro às 11h00 GMT.

burx-jc/BC/fmp/cbn/tjc/eg/bn

Notícias