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Marcelo Rebelo de Sousa, de conhecido comentarista a presidente das 'selfies'

24/01/2021 14h49

Lisboa, 24 Jan 2021 (AFP) - O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que aspira a ser reeleito neste domingo (24), é um conservador moderado e político experiente que construiu sua fama como comentarista de política e cultivou a imagem de um chefe de Estado próximo ao povo.

Ele é um presidente que espera pacientemente sua vez, de bermuda, na fila de um supermercado, que não hesita em se jogar no mar para ajudar dois jovens, cujo caiaque virou, ou compartilhar um jantar com pessoas sem-teto. As anedotas se multiplicam e deixaram de surpreender os portugueses.

Naturalidade e espontaneidade se tornaram a marca registrada do chefe de Estado, sempre disponível para tirar uma "marselfie" com seus admiradores, um neologismo reconhecido por alguns dicionários.

Seja um incêndio, seja um evento esportivo nacional, este homem de 72 anos, de um olhar azul vivo, costuma ser o primeiro a reagir e até a ir ao local, dirigindo seu carro, antecipando-se ao governo socialista, ou surpreendendo sua própria equipe.

À vontade tanto nos círculos do poder como nos mais desfavorecidos, com sua aparência comum, impôs seu estilo de "presidente empático" que se dá ao trabalho de ouvir e reconfortar as pessoas com problemas.

- "Temido comentarista" -Esta proximidade levou os portugueses se referirem a ele pelo primeiro nome, o mesmo de Marcelo Caetano, testemunha de casamento de seus pais e que, após suceder ao ditador António Salazar, governou Portugal entre 1968 e a Revolução dos Cravos de 1974.

Nasceu em Lisboa, em 12 de dezembro de 1948, e procede das elites políticas da época. Seu pai, médico, foi ministro e governador colonial com Caetano.

Aluno brilhante, o jovem Marcelo se formou em direito com nota média de 19 em 20 e sonhava em liderar o país desde criança.

Jovem hiperativo, rapidamente se aproximou dos círculos mais moderados do regime que reivindicavam maior abertura e, em 1973, participou da criação do semanário Expresso. Nele, tornou-se um dos mais temidos cronistas.

Sem abandonar sua carreira de professor de Direito, este católico fervoroso, divorciado e pai de dois filhos, lançou-se na política após a chegada da democracia, com a participação na fundação do Partido Social-Democrata (PSD, centro-direita). Foi deputado pela sigla, antes de assumir como ministro dos Assuntos Parlamentares.

- "Não precisa de campanha" -Após um intervalo de vários anos, voltou ao primeiro plano em 1996, quando assumiu as rédeas do PSD, então na oposição. Poucos meses antes das eleições legislativas de 1999, porém, ele jogou a toalha após o fracasso de seu projeto de coalizão de direita.

"Já tive mais fracassos do que vitórias, então sempre relativizo. Quando perdi, não foi o fim do mundo. E quando ganhei, não me considerei o melhor", disse recentemente, em resposta aos críticos, que o acusam de não estar suficientemente envolvido na campanha que deveria selar sua reeleição.

"Marcelo Rebelo de Sousa realmente não precisa fazer campanha. Costuma dizer que está em campanha há 20 anos", afirmou a cientista política Paula Espírito Santo, da Universidade de Lisboa.

Conseguiu estabelecer solidamente sua popularidade, para além de seu campo conservador, graças a uma longa carreira de comentarista político na televisão. Ele a abandonou para se tornar presidente.

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