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Apesar da pandemia, eleitores fazem filas de dobrar quarteirão para votar na presidencial portuguesa

24/01/2021 13h09

Para respeitar o distanciamento físico recomendado devido à epidemia do novo coronavírus, os eleitores fazem longas filas para votar no primeiro turno da eleição presidencial realizada neste domingo (24) em Portugal.

Enviada especial a Lisboa

Na Escola Secundária Luís de Camões, uma das maiores seções eleitorais de Lisboa, no bairro da Freguesia, a fila chegava a dobrar o quarteirão por volta de 11h30. Mas os cerca de 180 metros até a entrada da escola demoravam dez minutos para ser percorridos. Com o passar das horas, a espera aumentou.

Até às 12h, a taxa de afluência às urnas foi de 17,07%, de acordo com os dados divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE). Ao votar, os sete candidatos que concorrem ao Palácio de Belém reafirmaram a importância do comparecimento às urnas, principalmente neste momento em que a pandemia impõe à maioria dos países grandes desafios sanitários e econômicos.

A CNE tomou algumas medidas para proporcionar uma votação segura, mantendo as janelas das seções eleitorais abertas e mesas distanciadas. As autoridades fornecem o material necessário para desinfetar a cabine de votação após a passagem de cada eleitor.

Na escola Luís de Camões, as pessoas respeitavam as orientações, usando máscaras, solução hidroalcoólica para desinfetar as mãos e a caneta que trouxeram de casa. Em Portugal, o voto não é obrigatório e a votação ainda é feita em cédulas de papel. O país não utiliza urnas eletrônicas.

"Tudo muito bem organizado"

Eleitores entrevistados pela reportagem da RFI disseram estar satisfeitos com a organização. A portuguesa Manuela, diretora comercial, foi votar com a filha Bárbara, estudante de medicina veterinária.

"Vim votar hoje porque é uma obrigação que todos temos na democracia. Apesar da fila, foi muito rápido, durou menos de dez minutos, e posso dizer que no interior, para votar, não demorei nem 5 minutos. Aconselho que todos votem porque não há o menor tipo de risco", afirmou a diretora comercial.

O aposentado Amadeu Gouveia, de 68 anos, foi votar com a mulher. Ele não teve espera em sua seção, mas a esposa enfrentou alguns minutos no corredor antes de entrar na sala. Mesmo assim, Gouveia deixou a escola sorridente.

"Minha mulher pegou uma fila muito grande e eu votei logo, mas deu tudo certo", relatou. "Venho toda vez que tem eleição, minha mulher gosta", contou o aposentado.

A escriturária Emília Batista, de 53 anos, votou com o marido e um filho estudante. Ela preferia que a eleição tivesse sido adiada devido à epidemia.

"Tudo está muito bem organizado, embora eu ache uma estupidez votarmos no contexto em que estamos. Acho que não era hora de mudar nada, podíamos deixar tudo do jeito que estava até o fim, se houvesse fim", disse resignada.

Brasileiro vota pela primeira vez

O brasileiro José, de 34 anos, trabalha para uma consultoria internacional e votou pela primeira vez em Portugal. "Eu acho que é super importante exercermos a democracia, principalmente num momento tão turbulento em nível internacional. É muito importante a gente marcar nossa posição e deixar muito claro quais são os valores que a gente defende, transferindo isso para cada candidato que se escolhe", opinou o brasileiro. Ele votou na escola Luís de Camões com a namorada portuguesa e o amigo Artur, analista de sistemas, também brasileiro.

"Acho importante que todo mundo se conscientize e participe, mesmo se o voto não é obrigatório aqui. É dever de cada um exercer a sua cidadania", declarou Artur.

Esta eleição despertou grande interesse dos brasileiros residentes em Portugal. Um dos candidatos, o populista de direita André Ventura, tem discurso xenófobo e propõe uma revisão da legislação para imigrantes.

Dez milhões de eleitores estão inscritos para votar. As seções eleitorais abriram às 8h no horário local (5h de Brasília) e fecharão às 19h, no continente, 20h em Açores. As primeiras projeções de resultados são aguardadas para depois das 20h.

Porém, num contexto de agravamento da crise sanitária, especialistas temem uma abstenção recorde de 60% a 70%. Outro fator que pode afastar os eleitores das urnas é o favoritismo do presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Todas as pesquisas indicam que o atual chefe de Estado será reeleito para um mandato de cinco anos, com 58% a 62% dos votos, dependendo da sondagem.

Portugal registrou no sábado (23) 11.721 novas infecções do coronavírus  e 275 mortes provocadas pela Covid-19. O país conta, assim, com um total de 636.190 casos confirmados e 10.469 óbitos. 

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