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Apesar de agravamento da pandemia, Japão mantém esperança de realizar Jogos Olímpicos em 2021

22/01/2021 09h39

A luta contra a pandemia de Covid-19 deve monopolizar os governos durante todo o ano de 2021, mas o Japão acredita que ainda poderá realizar as Olimpíadas dentro de seis meses. O maior evento esportivo do mundo deveria ter sido realizado em 2020, mas teve de ser cancelado devido à crise sanitária. 

Várias autoridades japonesas expressaram seu otimismo nesta sexta-feira (22) sobre a possibilidade de realização dos Jogos Olímpicos em julho e agosto deste ano.

"Estou determinado", afirmou o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, durante uma sessão no Parlamento. Segundo ele, isso poderia representar "uma vitória da humanidade contra o coronavírus". 

O Comitê Organizador da Tóquio-2020 também afirmou nesta sexta-feira estar "completamente concentrado" nos preparativos para acolher o evento, com o acordo do governo e da prefeitura da capital japonesa, além do aval do Comitê Olímpico Internacional (COI) e do Comitê Internacional Paralímpico (CIP).

Tóquio-2032?

No entanto, segundo o jornal britânico The Times, que entrevistou uma fonte da coalizão no poder no Japão, o governo japonês já teria determinado a impossibilidade de organizar os Jogos Olímpicos este ano, diante da recrudescência da pandemia, inclusive no próprio país, que detectou, recentemente, casos da variante brasileira do coronavírus

Segundo a reportagem, Tóquio estaria até mesmo negociando a realização dos jogos em 2032, a próxima edição do evento cuja sede ainda não foi definida. As Olimpíadas de 2024 devem ser realizadas em Paris e as de 2028 em Los Angeles. 

Autoridades japonesas desmentem a informação. O porta-voz adjunto do governo, Manabu Sakai, declarou que a notícia divulgada pelo The Times não é verdadeira. Já a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, diz não ter ideia da origem desta informação. 

"Estamos nos coordenando com o governo, com o Comitê Organizador e o COI", afirmou. Segundo ela, "não houve nenhuma discussão sobre um cancelamento ou um adiamento", garante.

Os Comitês Organizadores dos Estados Unidos e do Canadá afirmam que estão se preparando para enviar seus atletas para competir na capital japonesa em julho. Já o diretor do comitê australiano, Matt Carroll, classificou a reportagem do The Times como "rumor sem fundamento". Para ele, o evento neste ano será "diferente" e "concentrado nos esportistas e nas competições". 

Diante das dúvidas, o presidente do COI, Thomas Bach, também resolveu se pronunciar. "Não temos, neste momento, nenhuma razão para acreditar que os Jogos Olímpicos de Tóquio não começarão em 23 de julho", afirmou à agência de notícias japonesa Kyodo. "Não há um plano B e estamos totalmente engajados a realizar jogos seguros com sucesso", reiterou. 

População japonesa é contra Olimpíadas em 2021

Em março de 2020, durante a primeira onda da Covid-19, o COI anunciou a decisão inédita de adiar os Jogos Olímpicos após os anúncios, da Austrália e do Canadá sobre a intenção de não enviar atletas à competição que deveria se iniciar em julho. 

No entanto, apesar do otimismo das autoridades japonesas, a realização do evento neste ano tem outro obstáculo: a opinião pública do país em desacordo sobre sediar as competições em um momento crítico da pandemia. De acordo com pesquisas de opinião recentes, a maioria da população é contra a organização das Olimpíadas em 2021, preferindo um adiamento ou simplesmente um cancelamento dos jogos.

A oposição apoia a população e, a poucos meses das eleições legislativas no país, especialistas avaliam que o governo poderia se arriscar ao insistir na ideia de realizar "um evento impopular". Para o estrategista Amir Anvarzadeh, da consultoria Asymmetric Advisors, "é quase certo" que a realização das Olimpíadas causaria um aumento nas contaminações de Covid-19, levando em consideração a quantidade de pessoas implicadas no evento e nas novas variantes em circulação. 

Já a Associação Médica de Tóquio sugeriu nesta sexta-feira que as competições sejam realizadas sem a presença do público, ao contrário do que defendem os organizadores, que acreditam que é possível ao menos limitar a quantidade de espectadores. "É preciso se desfazer da ideia de realizar a maior festa do século recebendo pessoas do mundo inteiro", afirmou Haruo Ozaki, presidente da organização, à imprensa local. 

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