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Tunísia: ONGs denunciam abuso de força policial e detenção arbitrária em protestos

21/01/2021 15h31

As forças de segurança prenderam cerca de mil pessoas durante as manifestações das últimas seis noites na Tunísia, de acordo com uma contagem feita por ONGs, que denunciam o uso excessivo da força, além de perseguições motivadas por simples postagens no Facebook. Os incidentes voltaram a ocorrer na noite de quarta (20) para quinta-feira (21), mas foram menos expressivos do que nas noites anteriores.

Na cidade de Sbeitla, confrontos eclodiram com a polícia após rumores sobre a morte de um jovem ferido em um dos dias anteriores por uma bomba de gás lacrimogêneo. O Ministério do Interior da Tunísia negou a morte, indicando que havia aberto uma investigação sobre as circunstâncias em que o jovem foi ferido, e que este foi transferido para um hospital em Sousse (leste do país).

De acordo com a mídia local, incidentes também ocorreram em diversas localidades ao redor de Sidi Bouzid, uma cidade marginalizada no interior de onde começou o levante que tirou o ex-ditador Ben Ali do poder, há dez anos. Era o início da revolução na Tunísia, que originaria uma série de movimentos de contestação no mundo árabe, a chamada Primavera Árabe.

Os confrontos estão opondo jovens de bairros populares à polícia desde a noite de sexta-feira (15), em um contexto de fortes tensões sociais, enquanto a pandemia já destruiu milhares de empregos e interrompeu profundamente o funcionamento das escolas.

O Ministério do Interior já havia anunciado 600 detenções na manhã de segunda-feira (18), a maioria de menores. Funcionários do ministério disseram que um total de 70 prisões ocorreram nas noites de terça (19) e quarta-feira.

Prisões arbitrárias

De acordo com a contagem de ONGs, "há mil pessoas presas", incluindo muitos menores, declarou Bassem Trifi, da Liga Tunisiana pelos Direitos Humanos (LTDH), denunciando prisões "arbitrárias". "Alguns foram presos sem terem participado das manifestações, após intervenções em suas casas", acrescentou, durante uma conferência que reuniu uma dezena de associações, incluindo a LTDH, o sindicato dos jornalistas e a Associação Tunisiana de Jovens Advogados.

Outros estão sendo indiciados e presos por suas atividades como ativistas ou postagens no Facebook de apoio ao movimento de protesto. Pelo menos um deles pode pegar seis anos de prisão, de acordo com as ONGs. "Pedimos à Justiça que olhe de perto os autos do processo. Não conseguiremos resolver a crise desta forma, isso só pode reforçar o absimo entre o povo e o governo", enfatizou Trifi.

Em nota, as associações de Direitos Humanos alertaram "contra as consequências das práticas violentas de segurança que só vão piorar a crise de rejeição ao Estado na Tunísia". Eles solicitaram à Justiça que investigasse casos de violações, maus-tratos ou abuso no acesso a dados pessoais de usuários na internet.

Com informações da AFP

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