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Secretário de Estado nomeado por Biden promete EUA na 'linha de frente' junto aos aliados

19/01/2021 11h40

Washington, 19 Jan 2021 (AFP) - Os Estados Unidos retornam à "linha de frente" mundial, mas agora contarão com seus aliados para "vencer a competição com a China" e contra-atacar seus outros adversários. O secretário de Estado nomeado por Joe Biden, Antony Blinken, prometeu nesta terça-feira (19) romper com a diplomacia unilateralista e soberanista de Donald Trump.

"Podemos revitalizar nossas alianças fundamentais", dirá nesta terça Antony Blinken durante sua audiência no Senado, segundo o texto divulgado por sua equipe.

"Juntos, estamos em uma posição muito melhor para contra-atacar as ameaças semeadas por Rússia, Irã e Coreia do Norte e defender a democracia e os direitos humanos", indica o trecho antecipado.

As palavras de Blinken vão no mesmo caminho da mensagem repetida pelo presidente eleito de virar a página do governo Trump, que durante quatro anos deslocou seus aliados históricos, simpatizou com autocratas, quebrou acordos internacionais e desprezou organismos multilaterais.

Para isso, Biden voltará a colocar os Estados Unidos no Acordo de Paris sobre o clima. Também selecionou diplomatas experientes que faziam parte da gestão de Barack Obama, uma equipe pensada para retomar uma política externa mais tradicional.

- "Liderança americana" - Na chefia desses diplomatas estará Blinken, um intervencionista que terá de lidar com um país que quer deixar de olhar para fora.

"A liderança americana ainda conta", dirá o secretário de Estado nomeado por Biden nesta tarde aos senadores, que decidirão nos próximos dias se ele obterá o cargo.

Blinken prometerá um retorno dos Estados Unidos à "linha de frente", mas de forma coletiva, porque "nenhum dos grandes desafios" do momento "pode ser resolvido por um país agindo sozinho".

"Guiados por esses princípios, podemos superar a crise da covid, o maior desafio compartilhado desde a Segunda Guerra Mundial".

"Podemos vencer a competição com a China", também dirá.

Descrito como "fraco" por muitos republicanos, Biden se comprometeu a ser "duro com a China".

Essa firmeza dará lugar a uma nova Guerra Fria como a que parecia se aproximar sob a liderança de Mike Pompeo, secretário de Estado de Donald Trump, ou a uma competição estratégica clara e mais pacífica, como querem os europeus?

A resposta para esta pergunta determinará "o sucesso ou o fracasso da política externa americana", afirmou antes das eleições de novembro o ex-diplomata Bill Burns, nomeado por Biden para comandar a CIA.

A dupla Biden-Blinken encara vários prazos iminentes que colocarão sua firmeza e capacidade de diálogo à prova.

O primeiro prazo será com Moscou, seu velho rival, com quem a dupla terá até 5 de fevereiro para estender o tratado-chave de desarmamento nuclear New Start.

O governo Biden, que quer deixar para trás a política de Trump de aproximação com o presidente russo, Vladimir Putin, terá de encontrar uma maneira de negociar, em meio à pressão do calendário.

- "Mundo pós-americano" -Ainda mais crítico será o assunto iraniano. Biden prometeu voltar ao acordo internacional para evitar que Teerã adquira a bomba atômica, assinado em 2015 sob o governo Obama do qual era vice-presidente, e depois abandonado unilateralmente por Trump.

O novo governo terá de levantar as sanções que os republicanos endureceram até o final de seu mandato. Terá também de garantir que Teerã volte a cumprir as restrições nucleares impostas no acordo que foi sendo violado assim que Trump deixou o pacto.

O democrata também precisa provar para uma classe política americana cética que mostrará firmeza com as ações do Irã no Oriente Médio.

O papel de Blinken, seu fiel conselheiro de 58 anos, será ainda mais crucial, já que o começo do mandato de Biden estará monopolizado por crises internas, como a pandemia, a recessão econômica e as injustiças raciais.

A era Trump manchou a imagem dos Estados Unidos, principalmente nas últimas semanas com os ataques republicanos às instituições democráticas, ao negar sua derrota e, acima de tudo, após a invasão do Capitólio por parte de uma multidão incentivada pelo presidente.

"Levará muito tempo até que possamos defender o Estado de direito com credibilidade" no exterior, disse o ex-diplomata Richard Haass após o ataque ao Congresso.

O dia 6 de janeiro marcou, segundo ele, o início de um "mundo pós-americano, que não se caracteriza mais pela primazia dos Estados Unidos".

Para Thomas Wright, da Brookings Institution, consertar a democracia nos Estados Unidos "não é incompatível com defender a democracia em outros lugares".

"Os dois vão de mãos dadas", argumentou na revista The Atlantic, destacando que o trumpismo não é um fenômeno exclusivamente americano.

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