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Queda de natalidade e esperança de vida: as consequências da Covid-19 à demografia na França

19/01/2021 17h54

A pandemia de coronavírus não teve apenas consequência para a saúde das pessoas, mas modificou o modo de vida no mundo inteiro. Na França, particularmente, a doença influencia o crescimento demográfico. 

2020 vai ficar marcado por uma das piores pandemias já enfrentadas, mas também como o ano em que a queda nos nascimentos bateu recorde, o mais baixo desde 1945, ano em que terminou a Segunda Guerra Mundial. 

Os dados constam de um novo censo realizado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos (Insee) da França. Apenas 740 mil bebês nasceram em 2020 no país, uma diminuição de 1,8% em relação a 2019. Em 12 meses, a taxa de fecundidade das francesas caiu de 1,86 filhos para 1,84 filhos por mulher. No entanto, a França continua sendo a campeã de fecundidade na União Europeia, na frente apenas da Suécia e Romênia (1,76 filhos por mulher) e da Irlanda (1,75 filhos por mulher).

A principal consequência da Covid-19 para a demografia francesa, no entanto, é a taxa de mortalidade, que teve um aumento de 9% em relação a 2019. Neste primeiro ano de epidemia na França, 667 mil pessoas morreram; 64.632 de coronavírus. O resultado é uma diminuição considerável na esperança de vida, que caiu para 85,2 para as mulheres (uma queda de quase cinco meses de vida) e 79,2 anos para os homens (uma queda de seis meses de vida).

No entanto, apesar da baixa na taxa de natalidade e de esperança de vida, a França registrou um crescimento de 0,25% de sua população. Em 1° de janeiro de 2021, o Insee contabilizava 67.422.241 habitantes: 135 mil pessoas a mais do que o mesmo período no ano passado. Segundo o instituto, essa alta se deve especialmente ao saldo migratório em 2020 de 87 mil pessoas a mais, sejam estrangeiros ou franceses que moravam no exterior e que voltaram ao país. 

Covid-19 prejudicou casamentos na França

Outro efeito da epidemia de Covid-19 na França foi a queda nas quantidades de casamentos, que registraram uma diminuição de 34% em 2020. As celebrações foram proibidas durante o primeiro lockdown no país e depois, quando voltaram a ser autorizadas, foram limitadas a poucos convidados, desmotivando a realização de festas para comemorar as uniões. "Quase não houve nenhum casamento de abril a maio e muito menos em junho e julho do que nos anos anteriores", observa o Insee. 

Se o instituto não pode certificar que a queda da taxa de natalidade em 2020 na França foi uma consequência direta da Covid-19, em 2021, a epidemia pode ser apontada como uma razão para uma nova queda de fecundidade. Segundo o especialista em demografia Gérard-François Dumont, neste ano, muitos casais devem renunciar à ideia de ter filhos devido a "um sentimento de insegurança" relacionado à pandemia ou às consequências econômicas da crise sanitária. 

"Não se pode subestimar o impacto das medidas de lockdown e do fechamento de locais de socialização na formação de casais", afirma Dumont. Em entrevista ao jornal francês La Croix, o especialista também ressalta que essas duas restrições "influenciarão a longo prazo a quantidade de nascimentos", já que diminuíram as possibilidades de encontros de futuros pais. 

Na semana passada, a União Nacional de Associações Familiares (Unaf) pediu para o governo francês reforçar sua política em relação às famílias e responder melhor ao "desejo de ter filhos". "Se hoje nascem menos crianças, não é porque as pessoas as querem menos", afirma a organização. 

Segundo um estudo recente do Instituto Kantar para a Unaf, a média de filhos desejados na França é de 2,39, muito maior do que a taxa de natalidade. Entre as pessoas interrogadas, dois terços das mães e pais que tiveram apenas uma criança gostariam de ter tido ao menos duas.

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