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Frente Polisário se diz disposta a negociar, mas não a depor armas

19/01/2021 18h53

Argel, 19 Jan 2021 (AFP) - Independentistas da Frente Polisário manifestaram nesta terça-feira (19) a disposição para retomar as negociações da ONU sobre o estatuto do Saara Ocidental, mas descartaram depor as armas após 30 anos sem progressos.

"No passado, depositávamos toda a nossa confiança na comunidade internacional e acabamos definitivamente com a luta armada. Esperamos 30 anos (...) de promessas não cumpridas", lamentou Sidi Ould Oukal, alto funcionário do Ministério da Segurança.

"Estamos prontos para negociar, estamos prontos para qualquer mediação, mas, ao mesmo tempo, mantemos a luta armada com base em nossa experiência", acrescentou o oficial, em uniforme militar, durante entrevista coletiva online.

A Frente Polisário afirma estar "em estado de guerra por legítima defesa" desde que o Marrocos enviou tropas ao extremo-sul do território em 13 de novembro para expulsar um grupo de ativistas saarauís que bloqueavam a única estrada para a vizinha Mauritânia.

Segundo a Polisário, esta estrada foi construída em violação do cessar-fogo de 1991, assinado sob mediação da ONU após 15 anos de combates. Sidi Ould Oukal estimou em mais de 500 as ações militares dos saarauís desde o recomeço das hostilidades. "É só o começo (...) Isso vai aumentar", acrescentou.

A questão do estatuto do Saara Ocidental, que as Nações Unidas considera um "território não autônomo", opõe Marrocos e os independentistas saaarauís há décadas.

A Polisário defende um referendo de autodeterminação planejado pela ONU nesta ex-colônia espanhola, enquanto o Marrocos, que controla dois terços desse território, propõe autonomia, mas sob sua soberania.

As negociações entre Marrocos e a Frente Polisário, liderada pela ONU e com a Argélia e a Mauritânia como observadores, foram suspensas em março de 2019.

Marrocos viu recentemente a sua estratégia reforçada, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconhecer a soberania marroquina neste disputado território, contrariando o consenso internacional.

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