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Uma posse e um impeachment: começa uma semana histórica nos EUA

18/01/2021 09h39

Washington, 18 Jan 2021 (AFP) - Como curar as feridas dos Estados Unidos? Diante de uma semana histórica, a equipe do presidente eleito Joe Biden continuou a revelar neste domingo (17) como planeja tirar o país da crise econômica, social e de saúde, enquanto ocorre um novo julgamento político contra Donald Trump.

Militares nas ruas, cercas e arame farpado... Biden fará seu juramento nesta quarta-feira em uma capital dos EUA irreconhecível, transformada em um campo de batalha após o violento ataque ao Capitólio em 6 de janeiro.

O democrata concentrará sua cerimônia de posse no tema "Estados Unidos unidos" e planeja se cercar de seus antecessores Barack Obama (2009-2017), George W. Bush (2001-2009) e Bill Clinton (1993-2001) para estender a mão a um país golpeado e dividido.

"Os eventos das últimas semanas demonstraram o quão danificada está a alma dos Estados Unidos e o quão importante é restaurá-la. Esse trabalho começa na quarta-feira", disse à rede CNN Ron Klain, futuro chefe de gabinete de Biden.

"Estamos herdando um grande desastre, mas temos um plano para consertar isso", declarou.

"Espero que os líderes do Senado tenham encontrado, sob uma fórmula bipartidária, uma maneira de cumprir todas as suas responsabilidades", continuou Klain.

"Este impeachment é uma deles... E tomar medidas contra o coronavírus é outra", completou.

Enquanto o presidente eleito se prepara para assumir o poder em uma cidade onde há apenas duas semanas apoiadores de Trump atacaram o Congresso na tentativa de reverter a eleição, o país enfrenta uma incomum tempestade de crises sobrepostas.

Biden quer que o Congresso aprove rapidamente um enorme plano de estímulo econômico de US$ 1,9 trilhão. Também tem planos para acelerar a distribuição da vacina contra a covid-19, enquanto o país se aproxima de 400 mil mortes por causa da pandemia.

- A sombra -O julgamento de impeachment que se aproxima - o segundo contra Trump - lança, porém, uma sombra sobre o caminho de Biden.

Os líderes democratas no Congresso, Nancy Pelosi e Chuck Schumer, ainda não anunciaram quando o julgamento contra o republicano será iniciado.

"Não acho que haja uma data definida para quando Pelosi vai apresentar os artigos do impeachment", afirmou o senador democrata Dick Durbin à rede CNN.

"Entendemos que, de acordo com a Constituição, temos a responsabilidade de agir o mais rápido possível", continuou.

Biden disse que espera que o Congresso possa lidar com essa grande distração ao mesmo tempo em que avança sua agressiva agenda.

Para aumentar a incerteza, o Partido Republicano está dividido sobre as alegações de Trump de que a eleição foi roubada, sobre a invasão do Capitólio e também sobre os futuros rumos do partido.

Um confidente de Trump, o senador Lindsey Graham, alertou na Fox News neste domingo que Biden pode estar tentando ir longe demais, rápido demais.

"Acho que, nos primeiros 100 dias de governo Biden, vamos ter o esforço político socializado mais agressivo da história do país", declarou, acrescentando que "nada de bom resultará em processar o presidente Trump quando ele estiver fora do cargo".

Klain reiterou, porém, a afirmação de Biden de que o Senado pode lidar com o impeachment e a nova agenda presidencial simultaneamente.

Além disso, reforçou, o novo presidente emitirá uma onda de decretos, que não requerem aprovação do Congresso, a partir da tarde de quarta-feira.

Isso incluirá o retorno do país ao Acordo de Paris sobre mudanças climáticas e o fim da proibição de entrada de viajantes de alguns países muçulmanos.

O impulso inicial continuará por cerca de dez dias, segundo Klain, enquanto o novo presidente se distancia das políticas mais controversas de Trump.

- Posse diferente -Os planos para uma normalmente festiva cerimônia de transferência de poder foram reduzidos por causa da pandemia e dos temores de violência, após os eventos de 6 de janeiro.

Milhares de membros da Guarda Nacional patrulham a capital, e várias ruas foram bloqueadas com caminhões e barreiras de concreto.

Os protestos pró-Trump previstos para acontecer em frente aos Congressos estaduais em todo país foram menos barulhentos do que se esperava.

Apenas pequenos grupos de manifestantes armados se reuniram em estados como Ohio, Texas, Oregon, Michigan e Kentucky, monitorados por um forte esquema de segurança.

Em Washington, D.C., um homem de 22 anos foi detido perto do Congresso no domingo, com uma arma, três cartuchos de alta capacidade e dezenas de munições, segundo The Washington Post. O jornal informou ainda que uma mulher foi detida por se fazer passar por policial.

"Será uma posse como nenhuma outra, em grande parte, devido à covid", disse a vice-presidente eleita Kamala Harris à CBS no domingo.

"Mas vamos prestar juramento e vamos fazer o trabalho para o qual fomos escolhidos", garantiu.

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