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Premiê da Itália obtém voto de Confiança na Câmara

18/01/2021 17h55

ROMA, 18 JAN (ANSA) - O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, obteve nesta segunda-feira (18) o voto de confiança da Câmara dos Deputados e superou a primeira prova no Parlamento para tentar manter seu governo de pé.   

Liderando seu segundo governo, Conte teve de se dirigir ao poder Legislativo após o ex-premiê Matteo Renzi retirar seu partido, o centrista Itália Viva (IV), da base governista. O voto de confiança terminou com placar de 321 a 259 a favor do chefe de governo, mas a vitória na Câmara já era dada como certa. Ao todo, foram 27 abstenções.   

O grande desafio de Conte será nesta terça-feira (19), com a votação da confiança no Senado, onde o primeiro-ministro ainda busca o apoio necessário para seguir no poder. A hipótese mais forte no momento é de que o governo consiga uma maioria relativa graças a uma abstenção do Itália Viva, mas isso o deixaria em posição de fragilidade.   

Segundo cálculos da imprensa italiana, Conte teria hoje por volta de 154 votos no Senado (de um total de 320) e precisaria de mais sete para assegurar maioria absoluta. No entanto, uma eventual abstenção do IV abaixaria o quórum mínimo e possibilitaria uma maioria relativa.   

"Irresponsabilidade" - Conte discursou durante 55 minutos na Câmara dos Deputados e não poupou críticas indiretas a Renzi, que rompeu com o governo por discordar de suas políticas em relação aos fundos da União Europeia.   

"Confio que, com a votação de hoje, as instituições saberão compensar essa confiança reparando um grave gesto de irresponsabilidade", disse o premiê.   

De acordo com Conte, ele foi forçado a ir ao Parlamento para "tentar explicar uma crise sem fundamento". "Essa crise provocou profundo incômodo no país e arrisca produzir danos notáveis, não apenas porque fez os juros subirem, mas também porque atraiu a atenção da imprensa internacional e das chancelarias estrangeiras", ressaltou.   

O primeiro-ministro disse que é hora de "virar a página" e que a Itália merece um "governo coeso", além de ter pedido apoio de forças que representam a "mais alta tradição europeísta".   

Advogado de carreira, Giuseppe Conte é primeiro-ministro desde 1º de junho de 2018, inicialmente chefiando uma coalizão entre o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e a ultranacionalista Liga e, a partir de setembro de 2019, em uma coalizão do M5S com legendas de centro-esquerda.   

Rompimento - Renzi foi um dos artífices do acordo com o Movimento 5 Estrelas - seu arquirrival na política italiana - que evitou eleições antecipadas após a saída da Liga do governo.   

Na época, o ex-premiê era expoente do centro-esquerdista Partido Democrático (PD) e dizia ser movido pelo desejo de evitar dar o poder ao ex-ministro do Interior Matteo Salvini. Logo depois do acordo, Renzi rompeu com o PD e fundou o Itália Viva, tornando-se a principal voz dissonante no governo.   

Além das divergências sobre os fundos do plano de recuperação da UE para o pós-pandemia, Renzi critica Conte por acumular o comando dos serviços secretos e por rechaçar o Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM), instrumento de socorro a nações em dificuldade na eurozona mediante empréstimos com juros subsidiados.   

O ex-premiê também já expôs sua contrariedade em relação às políticas de comunicação do governo e à renda básica de cidadania, espécie de "bolsa família" da Itália e bandeira do M5S. (ANSA)
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