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Presidentes de OAB e Abraji criticam intimação da polícia a Bonner e Renata

William Bonner e Renata Vasconcellos - Divulgação/Globo
William Bonner e Renata Vasconcellos Imagem: Divulgação/Globo
do UOL

Do UOL, em São Paulo

04/12/2020 20h55

Os presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, e da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marcelo Träsel, criticaram a intimação feita a William Bonner e Renata Vasconcellos, âncoras do "Jornal Nacional", da TV Globo.

Os jornalistas foram intimados pela Polícia Civil do Rio para depor por suposto crime de desobediência a decisão judicial, em relação a publicações que envolvem a investigação das supostas "rachadinhas" no gabinete da Alerj (Assembleia Legislativa do RJ) de Flávio Bolsonaro (Republicador-RJ), o chamado Caso Queiroz.

Nas redes sociais, Santa Cruz classificou a intimação como uma "afronta, ainda que simbólica, contra a imprensa livre".

"E os símbolos não podem ser ignorados. Há canetadas que pesam. Mas a Constituição pesa muito mais", escreveu Santa Cruz em seu perfil nas redes sociais.

Em nota enviada à imprensa, Träsel disse que a solicitação causa "estranheza" e que haveria outras formas para o assunto ser tratado, "sem espetacularização".

"Causa estranheza a intimação de dois profissionais do Jornal Nacional, em lugar de representantes do grupo empresarial ao qual o produto está vinculado. Haveria outras formas pelas quais o assunto poderia ser tratado, sem espetacularização por parte Polícia Civil", ressaltou Träsel.

"O senador Flávio Bolsonaro está em seu direito ao apresentar notícia-crime contra a cobertura do caso das 'rachadinhas' por parte da TV Globo, mas infelizmente o faz para defender a censura prévia imposta pela Justiça do Rio de Janeiro e sustentada pelo STF, em clara violação à liberdade de imprensa e aos direitos fundamentais previstos na Constituição. A atitude mais republicana teria sido explicar o caso a seus eleitores através do Jornal Nacional", completou, em seguida.

A censura prévia citada por Träsel refere-se ao fato de a emissora estar proibida judicialmente de publicar informações sigilosas sobre o caso, que envolve o senador Flávio Bolsonaro, primogênito do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e o ex-assessor dele Fabrício Queiroz.

Juíza proibiu exibição de documentos

A juíza Cristina Serra Feijó, da 33ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, proibiu em caráter liminar a exibição de qualquer documento ou peça do processo sigiloso referente à investigação na emissora.

Também em nota, o Sindicato dos Jornalistas do Rio considerou a intimação dos apresentadores como "absurdo" e um "atentado à liberdade de imprensa".

"O Sindicato considera um absurdo, um atentado à liberdade de imprensa, ao exercício profissional, ao direto da sociedade ser informada. Os jornalistas são atacados e perseguidos enquanto os verdadeiros criminosos seguem impunes", afirmou Marcio Leal, presidente do sindicato.

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