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Sem apresentar plano, Doria prevê vacinação contra covid em SP em janeiro

do UOL

Allan Brito, Lucas Borges Teixeira e Rafael Bragança

Do UOL, em São Paulo

03/12/2020 13h09

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou hoje a previsão anunciada ontem pelo Ministério da Saúde de iniciar a vacinação contra a covid-19 em março do ano que vem. Doria acredita que o estado paulista comece a aplicar ainda em janeiro a CoronaVac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. No entanto, ele ainda não apresentou um plano para que isso aconteça.

Segundo o governo paulista, a previsão é de que o imunizante tenha uma autorização de uso emergencial por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ainda no primeiro mês do ano que vem. Caso não seja distribuído pelo SUS (Sistema Único de Saúde), Doria disse que já tem um plano estadual de imunização elaborado —que ainda não foi divulgado.

"Eu indago se os membros do governo federal não enxergam, não leem e não registram o fato de que temos mais de 500 brasileiros morrem todos os dias de covid-19. É surpreendente essa indiferença, esse distanciamento e falta de compaixão com vidas de brasileiros", afirmou Doria durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.

Não é a primeira vez que Doria dá uma data para início da vacinação contra covid-19 no estado. Em setembro, quando assinou o contrato para compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, ele disse que a intenção era começar a campanha de vacinação para profissionais da saúde no estado em 15 de dezembro. A vacina, no entanto, segue em fase de testes e precisa ser autorizada pela Anvisa antes de ser distribuída e aplicada.

Lote de insumos da CoronaVac chegou hoje

Mais cedo, Doria foi ao Aeroporto de Guarulhos (SP) para receber o primeiro lote de insumos da CoronaVac, que vai permitir ao Butantan envasar um milhão de doses da vacina. Em novembro, o governo havia recebido as primeiras 120 mil doses do imunizante já prontas da China. A previsão é de ter 46 milhões de doses à disposição no ano que vem. A equipe de Doria afirma que é o suficiente para imunizar a população do estado de São Paulo.

"Por que iniciar em março se podemos fazer já em janeiro? Como outros países fazem agora, em dezembro. Vamos perder mais 60 mil vidas para aí iniciar a imunização?", questionou o governador paulista, em nova cutucada no governo federal.

"Em São Paulo, de forma responsável, seguindo a lei, nós, no próximo mês, cumprindo o protocolo com a Anvisa, obedecendo princípios de proteção à vida, vamos iniciar a imunização dos brasileiros de São Paulo em janeiro. Não vamos aguardar março", acrescentou Doria.

O governador prometeu para a semana que vem o anúncio do programa estadual de vacinação. "Dia 7 vamos apresentar o programa estadual de imunização completo, de forma precisa, com cronograma, setores que serão priorizados, volumes de vacinas, regiões, áreas, logística e segurança", afirmou. "Já temos um plano há pouco mais de 20 dias."

Ontem, o governo federal anunciou que a vacinação contra a covid-19 dará prioridade a profissionais da saúde, idosos com mais de 75 anos, indígenas, professores, forças de segurança e presos, normalmente mais vulneráveis e expostos à doença. A previsão é que a campanha nacional do Ministério da Saúde se inicie ainda no primeiro trimestre de 2021.

"Perplexos"

O coordenador-executivo do Centro de Contingência do coronavírus em São Paulo, João Gabbardo, também criticou a previsão de início da campanha nacional de vacinação contra a covid-19.

"Estamos perplexos com a previsão do Ministério da Saúde de iniciar a vacinação em março. Teremos em janeiro milhares de pessoas que vão ficar doentes, que vão internar, que vão a óbito, infelizmente. Em janeiro já teremos vacina no Brasil", afirmou Gabbardo.

O governo paulista segue trabalhando com a previsão de entregar à Anvisa os resultados do estudo de fase três da CoronaVac, que atestam a eficácia da vacina, até meados de dezembro. Assim, o imunizante teria uma autorização para uso emergencial por parte da agência federal ainda no primeiro mês do ano que vem.

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